PC marxista da Índia examina derrota em eleições
Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (18) pelo seu Birô Político, o Partido Comunista da Índia (Marxista) procura analisar o resultado da última eleição legislativa do país, em 16 de maio, da qual o Partido do Congresso, situacionista, saiu e
Publicado 19/05/2009 17:58
A 15.ª eleição para o Lok Sabha (A Casa do Povo, nome do parlamento indiano), resultou em sucesso para o Partido do Congresso e seus aliados, que saíram dela sem necessidade de formar alianças para governar. O PCI (M) e seus aliados sofreram um baque em dois de suas principais bases, Bengala Ocidental e Kerala, e obtiveram apenas 19 cadeiras — um terço das que tinham —, segundo os dados provisórios do organismo eleitoral.
O Partido do Congresso obteve 61 cadeiras a mais que nas eleições de 2004 e obteve um acréscimo em seu percentual de votos de cerca de três pontos, de acordo com números ainda provisórios.
Já o nacionalista Partido Bharatiya Janata (BJP), sofreu uma grande derrota, após fracassar pela segunda vez consecutiva em sua intenção de chegar ao poder com seus aliados. O total de assentos ocupados pelo partido caiu 22 cadeiras, enquanto seu percentual de votos chegou a cair 2,9 por cento. Pode-se concluir que o percentual perdido pelo BJP migrou quase por completo para o Partido do Congresso.
Também é preciso observar que ambos os partidos, juntos, obtiveram menos de 49 por cento dos votos, assim como nas eleições de 2004.
O que ajudou a levar o Partido do Congresso a uma excelente vitória foram algumas medidas adotadas pelo governo de coalizão, como medidas de interesse social ou ambientais, que foram aprovadas com grande apoio e pressão da Frente de Esquerda.
O Partido do Congresso também obteve mais apoio entre as minorias e parcelas da população não-religiosas. Os ditos “seculares” correram às urnas também para assegurar que o BJP não conseguisse retornar ao poder.
O BJP foi rejeitado pelo povo porque não oferecei nada além da sua agenda já conhecida, combinada com políticas econômicas direitistas, que o povo já tinha rechaçado em 2004. A retórica raivosa, comum a figuras como Varun Gandhi e Narendra Modi dominaram a campanha do partido durante esta eleição.
Os partidos de esquerda se aliaram com certas forças opostas tanto ao Partido do Congresso quanto ao BJP em vários estados. Isso tornou-se necessário com a cada vez maior participação de um eleitorado secular no país. Entretanto, essas alianças forjadas em alguns estados à beira das eleições não foram vistas pelo povo como críveis e uma alternativa viável a nível nacional.
Os sérios revezes sofridos pelo PCI (M) e pelos partidos de esquerda em Bengala Ocidental e Kerala são de grande preocupação. O PCI (M) perdeu 25 cadeiras nesses dois estados. O partido obteve 16 cadeiras com uma participação nos votos de 5,52%, o que é um pouco menos que os 5,66% obtidos em 2004.
Haverá um exame sério para encontrar as razões dessas derrotas. Fatores específicos, tanto nacionais quanto estaduais, são responsáveis pelo desempenho ruim. Uma auto-crítica responsável deverá ser tomada pelos comitês estaduais e pelo Comitê Central, que deverá formar a base para os passo que corrigirão os erros.
O partido fará tudo que for possível para retomar o apoio e a confiança desses lugares nos quais a população foi alienada.
O Birô Político do Partido congratula o povo do Estado de Tripura, que propiciou uma grande vitória aos dois candidatos da Frente de Esquerda e do Partido ao Lok Sabha. É significativo que a Frente de Esquerda tenha podido estabelecer uma grande vantagem nas 60 cadeiras da assembléia do estado.
Aceitando o veredicto do povo, o PCI (M) e os partidos de esquerda devem trabalhar como oposição responsável no parlamento. O país está atravessando grandes dificuldades econômicas, que terão consequências diretas na vida e no bem-estar das pessoas.
O novo governo precisa resolver essas questões com rapidez e eficiência. O PCI (M) estará vigilante, para defender os interesses do povo. Trabalhará pelo fortalecimento da unidade dos partidos de esquerda e continuará a cooperar com outros partidos seculares que pertencem à oposição.
Do Birô Político do PCI (M), em 18 de maio de 2009