UBM e mulheres de etnias indigenas realizam encontro inédito

No último sábado (16), ocorreu o 10 Encontro de Mulheres Indígenas da União Brasileira de Mulheres (UBM). A atividade reuniu mais de 70 mulheres de 9 etnias indígenas, na s

Representantes do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher Indígena, como Jomara Araci, da etnia Dessana, da Associação das Mulheres Indígenas do Rio Negro (AMARN) e da União dos Povos Indígenas de Manaus (UPIM) prestigiaram o evento e passaram a compor e fortalecer o núcleo da UBM. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas, Ísis Tavares, também participou da atividade.



 


Dezenas de mulheres  das etnias Mundurucu, Tariana, Kokama, Tukano, Tikuna, Saterê-maué, Kambeba, Baré e Dessana enriqueceram as discussões e acrescentaram diversos pontos para a já rica plataforma de luta da UBM. Da demanda por moradias até a defesa da Amazônia e sua biodiversidade, passando por programas de incentivo à venda de artesanatos e investimentos na área de saúde para o atendimento das indígenas tanto em suas comunidades como nas cidades, foram abordadas pelas participantes.



 


A coordenadora estadual da UBM, Vanja Santos, demonstrou-se satisfeita com o evento. “Não existe notícia, a nível de Brasil, de um evento como esse. E, de forma inédita, iremos organizar essas mulheres para que a nossa luta se torne mais  ampla”, entusiasmou-se.



 


Vanja também ressaltou a essência da atividade. “Nesse evento, buscamos não chegar com verdades já prontas. Estamos ouvindo-as para tratar os problemas respeitando suas culturas”, disse. “Listamos os problemas, os encaminhamentos de soluções que elas fizeram e resgatamos alguns avanços para saber de que forma iremos trabalhar as novas soluções”, completou, anunciando a dinâmica adotada na atividade.



 


A líder indígena da etnia Dessana, conselheira estadual dos direitos da mulher indígena, Jomara Araci, parabenizou a UBM e destacou a importância do evento. “Parabenizo a UBM pela oportunidade que dá as indígenas  de discutir políticas públicas e por ensinar nossas mulheres como se direcionar aos órgãos públicos”, afirmou.



 


Com atuação destacada nos movimentos pela causa indígena, tendo participado da abertura da Assembléia das Mulheres durante o Fórum Social Mundial realizado em Belém, ocasião em que discursou em sua língua tradicional e depois em português, Jomara diz que seu povo precisa estar mais inserido em atividades desse porte. “Esses eventos são muito importantes para as mulheres indígenas porque demonstram que nós não podemos nos acomodar quando somos injustiçadas. Muitas mulheres são agredidas dentro da própria família e não têm coragem de denunciar”, destacou, revelando que alguns dos seus grandes problemas não semelhantes aos das “mulheres não índias”.



 


Daniele Delgado, oriunda da etnia Baré, foi eleita como a coordenadora do núcleo indígena da UBM e avaliou a magnitude da atividade. “Posso dizer que esse evento é um fato inédito e até mesmo um fato histórico porque, fora do nosso movimento, nem uma outra entidade nos chamou para abrir espaço para as nossas discussões”, constatou. “Como entidade nacional, a UBM deve compor grandes atividades nos movimentos sociais e agora vamos estar  juntas para lutar por nossos direitos”, concluiu.



 


De Manaus,
Anderson Bahia


 


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