Lula acata ponto importante da pauta do Grito da Terra
Ao receber nesta quarta (27) as lideranças do movimento Grito da Terra Brasil (GTB) 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará o atendimento de um ponto importante da extensa pauta do movimento. O governo prometeu rever todos os cortes feit
Publicado 26/05/2009 19:58
O anuncio foi feito na noite desta terça (25) pelo secretário-executivo do Mnistério do Planejamento, João Bernardo, aos dirigentes do movimento. Segundo ele, rever os cortes foi uma determinação do presidente Lula.
Além disso, os representantes dos movimentos sociais no campo farão parte no Ministério da Integração de uma comissão que estuda políticas públicas que beneficiem as vítimas das enchentes e estiagens no Norte, Nordeste e Sul do país.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, considerou o descontingenciamento dos recursos um importante avanço nas negociações que o movimento mantém com o governo federal desde o último dia 12. Apesar da reavaliação dos cortes, ele ainda observa dificuldades na recomposição dos recursos para a reforma agrária.
Ato político no MDA
Antes da reunião no Planejamento, Alberto Broch disse durante o ato político em frente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que o governo havia avançado na pauta para a melhoria de políticas nas áreas de saúde e educação, mas em pontos centrais como plano de safra, assistência técnica e agricultura familiar faltavam respostas. “Na verdade estivemos presente em mais de 14 ministérios com as federações e sindicatos negociando, mas o governo ainda não respondeu”, disse.
O ato em frente ao MDA reuniu cerca de três mil agricultores rurais oriundo da manifestação mais cedo em frente ao Congresso Nacional. Apresentações musicais e de teatro de boneco antecederam o pronunciamento das lideranças.
Pela terceira vez participando do Grito em Brasília, Abdias Francisco Ribeiro, 65 anos, agricultor e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Lençóis (BA), na região da Chapada Diamantina, ironizou sua situação. Ele mora com a mulher e três filhos próximo a margem do rio Santo Antonio, mas sofre com a seca por não ter como fazer a irrigação na sua terra. “Falta assistência técnica e irrigação para 30 famílias na região”, disse ele empunhando uma bandeira da Contag.
Elton dos Santos Carvalho, 57 anos, é um assentado de Jaíba, no Norte de Minas Gerais (MG). Ele está no local há onze anos e também sofre com a falta de assistência técnica. “Somos duas mil famílias de agricultores e só um técnico da Emater (Empresa de Assistência Técnica Rural) para nos dar assistência”, reclama o agricultor. Além disso, ele reclamou que não existe no local escola, posto de saúde e estrada para o escoamento da produção.
Reivindicações do Grito
Entre as principais reivindicações do movimento, destacam-se o assentamento com qualidade de 250 mil famílias por ano, até 2010. Para a garantia da safra, o Grito quer reformular a lei e recompor o fundo para que as perdas com a seca, enchentes e estiagem sejam levadas em conta.
Quanto ao Plano Nacional de Crédito Fundiário, a principal reivindicação é a mudança no plano de financiamento, passando de 20 anos com três de carência para 30 anos com cinco de carência. O movimento também quer a elevação do teto para até R$ 100 mil por famílias.
No item da Reforma Agrária, além da retomada do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), o movimento quer a imediata publicação da portaria interministerial para a atualização dos índices de produtividade da terra. Também reivindicam a revogação da Medida Provisória 2.183/2000 que criminaliza a luta pela terra e impede a reforma agrária em áreas ocupadas por trabalhadores e trabalhadoras rurais.
De Brasília,
Iram Alfaia