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'Imprensa é um movimento político', diz Evo Morales

O presidente da Bolívia, Evo Morales, assegurou aos membros da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) que existe liberdade de imprensa em seu país. Mas advertiu que os veículos de comunicação privados atacam seu governo e deturpa

“Nos insultam, nos ofendem, nos qualificam de ignorantes. Mas não importa, vamos seguir explorando de onde vem esta classe de ofensas. O certo é que a imprensa é um movimento político”, agregou Evo na noite desta quarta-feira (27), durante uma reunião com integrantes da instituição.


 


Segundo o presidente boliviano, quem comete atos desse tipo “não são os jornalistas — mas seus chefes ou os donos” dos meios de comunicação. “Por tudo que se escuta, ouve e lê aqui, não se pode dizer que não há uma imprensa de oposição, que não há críticas ao governo”, reconheceu o colombiano Enrique Santos, presidente da SIP, ressaltando, porém, que não se pode “generalizar este conceito”.


 


Durante a reunião, Santos pediu para Evo revisar sua decisão de não conceder coletivas de imprensa nem de fazer declarações aos veículos locais, em benefício “da transparência” e da boa relação entre as partes. Por sua vez, Evo explicou que sua medida diz respeito apenas aos jornalistas da capital La Paz, porque as coletivas de imprensa “parecem uma granja”. “Todos gritam para perguntar e não se entende nada. E, quando respondo, deturpam as declarações”, criticou o mandatário.


 


Ainda no encontro, o porta-voz oficial do governo, Iván Canelas, e o ministro da Presidência boliviano, Juan Ramón Quintana, documentaram com vídeos e gravações alguns casos de “deturpações” ou “ataques ao governo” feitos pela imprensa local. Um dos exemplos se refere a uma matéria publicada no último mês de dezembro pelo jornal La Prensa, segundo a qual o presidente teria conhecimento das supostas atividades ilegais de Quintana, acusado de facilitar o contrabando nas fronteiras com Chile e Brasil.


 


O ministro da Presidência se defendeu afirmando que a SIP recebeu documentos que provam que o ex-governador de Pando, Leopoldo Fernández, acusado pela na morte de 13 campesinos partidários de Evo, pagava jornalistas em troca de apoio político. “Ninguém, nem a Associação Nacional de Imprensa (que reúne proprietários dos meios) nem o Conselho de Ética da Imprensa respondeu as nossas denúncias”, protestou Quintana.


 


Enrique Santos, por sua parte, reiterou que os meios de comunicação que mentem “cavam sua própria cova”. O presidente da SIP, no entanto, reconheceu que podem existir excessos — mas que “não é bom generalizar”.