Sem categoria

Veteranos precisam dar espaço a jovens no movimento sindical

O 1º Encontro da Juventude Trabalhadora da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), realizado em São Paulo dias 23 e 24 de maio, cumpriu relevante papel na organização da juventude cetebista ao discutir temas como a Lei do Estágio, a

Qual sua avaliação sobre o 1º Encontro de Jovens?


 


Ana Rita: A minha avaliação foi bastante positiva. Foi um encontro relativamente pequeno, com apenas 130 pessoas, mas cumprimos o nosso papel.  Não é um encontro fácil de ser construído. A questão da juventude é pouco debatida no movimento sindical. Conseguimos fazer três mesas de maneira muito organizada e qualificada, com temas atuais como: crise, precarização do trabalho, a questão da sucessão rural com a juventude camponesa e a Lei dos estágios, que é uma coisa nova que está surgindo e a CTB sai na frente sendo a primeira central a fazer esse debate. O debate sobre a questão rural foi muito interessante, fizemos um link com a juventude do campo e conseguimos discutir como os problemas do campo afetam a cidade e vice-versa.


 


O objetivo foi alcançado?


 


Rita Sim, claro. A juventude que chegou aqui não vai sair do mesmo jeito que chegou. Sairá com uma nova visão de mundo e de trabalho, sabendo qual o nosso papel na sociedade.


 


Quais as serão as principais iniciativas tomadas a partir desse encontro?


 


Rita: Fizemos um documento com as resoluções tiradas no encontro, com a contribuição de vários estados, que será encaminhado para o II Congresso da CTB. Esse encontro não é deliberativo, mas elaboramos o documento e discutiremos no congresso, incluindo-o nas teses. Outra ação foi a formação de um coletivo de jovens com sete pessoas, que vai unir as diversas forças do movimento sindical, contemplando as CTBs mais atuantes para auxiliar a secretaria nacional a difundir e incentivar a participação da juventude no movimento sindical,  tanto no campo quanto na cidade. A participação dos jovens nos sindicatos é muito baixa, então o  coletivo tem como principal função ampliar essa participação. Não só participar de debates e palestras, mas garantir que a juventude esteja  dentro das diretorias dos sindicatos e federações, no movimento sindical em geral. E também já faz parte em nosso documento a garantia de uma cota mínima de 10% de jovens em todos os espaços do movimento sindical.


 


E qual será o principal desafio do Coletivo de Jovens?


 


Rita: Será fazer com que a juventude entre de fato no movimento sindical.  Eles acham que movimento sindical é só ir ao encontro. E não é isso. É você participar dia a dia do movimento, do seu sindicato, da sua federação, você se sentir parte daquilo, você ocupar um cargo. Não apenas ocupar por ocupar, mas sim se dedicar e procurar fazer um trabalho organizado, um trabalho de qualidade. Então, essa será a nossa maior dificuldade, mudar essa compreensão de participação nos espaços de decisão dentro do movimento.


 


A que se deve essa ausência de jovens no movimento sindical?


 


Rita: Muita gente acha que é porque a juventude não quer participar. Eu discordo. O que falta é oportunidade. Não que seja uma luta de gerações. A questão é: quem chega ao movimento tende a ficar por muitos anos e não abre espaço. Tem sindicalista que não compreende isso. Acha que o jovem quer roubar o seu “emprego”.  E não é isso, movimento sindical não é emprego.  Estamos ali para fazer a luta.  Não é uma disputa. Para nós, jovens, o interessante é fazer a parceria. É muito importante essa troca de experiências entre juventude e os sindicalistas que estão há mais tempo no movimento. É uma troca de experiências, uma parceria: a união da nossa força, nossa vontade de fazer, vontade de mudar com a experiência de quem já está ai e tem muita coisa para ensinar.


 


Você acha que a principal iniciativa para mudar essa baixa participação dos jovens no movimento sindical é unir forças?


 


Rita: Sim. Os mais experientes abrirem espaço e a juventude ocupar seu lugar com responsabilidade. Porque se o espaço é dado e o jovem não cumpre seu papel, fica difícil. Tem que cumprir suas tarefas com muita responsabilidade e compromisso com a classe trabalhadora.