Renato: imbróglio nas CPIs é falta de articulação do PT
A CPI da Petrobras é uma manobra normal da oposição às vésperas das eleições, mas vai apenas ''cumprir tabela''. Pode ter efeito contrário ao que quer a oposição e tornar-se uma luta de sucesso pela transformação da Petrobras em empresa pública. O imbrógl
Publicado 03/06/2009 18:47
Para o líder comunista, o que o Brasil precisa é de debate das grandes questões nacionais, mas a oposição e a mídia que a apoia ''preferem o escândalo ao invés de acompanhar o debate''. Ele disse que, em conversa com o presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, soube que a Comissão de Minas e Energia, da Câmara dos Deputados, iniciou grande debate do tema.
''O debate é esse, saber o que fazer de uma riqueza como essa. O país se voltar contra a Petrobras é uma coisa insana, porque implica em consequências financeiras e de negócios'', afirma Rabelo, acrescentando que ''a Petrobras ser investigada em uma arena política cria situação de instabilidade para essa empresa.''
Para ele, ''a CPI vai cumprir tabela, não vai dar em nada'', porque, além da base aliada ter maioria na comissão, a Petrobras e a ANP são empresas abertas e a questão de petróleo é regulada por leis e normas. ''Elas estão enquadradas em leis e normas e sob controle de TCU, Ministério Público, Polícia Federal'', avalia Renato Rabelo.
Inácio para Presidente
Ele também desqualifica a ameaça da oposição de fazer CPI paralela: ''É propaganda, não vale nada, mesmo que conte com apoio da mídia, mas denúncia sem comprovação não tem peso. Será só propaganda'', diz ele. E minimiza igualmente as palavras do senador Artur Virgílio (PSDB-AM), que assumiu o cargo de Inácio Arruda como relator da CPI das ONGs ameaçando investigar a Petrobras naquela comissão.''O relatório das ONGs já está pronto, qualquer coisa que diga Artur Virgílio é fraseologia, não tem muita consequência'', afirma
Para Renato Rabelo, a polêmica atual da CPI da Petrobras está na definição do relator da CPI das ONGs. ''O imbróglio é esse, não tem nada a ver com Renan que quer isso ou aquilo. O que se espera é que seja resolvido a relatoria das ONGs, que é a volta do Inácio.''
Para explicar a polêmica, o presidente do PCdoB diz que ''nós sempre defendemos, desde o início, que o Inácio só sairia das ONGs, com acordo da base para assumir a posição dele, e ele iria para a CPI da Petrobras para ir para a presidência.'' Se não fosse como presidente, ele se manteria como relator na CPI das ONGs e como membro suplente na CPI da Petrobras.
Fogo amigo
A indefinição dos cargos demonstra, conforme Renato, as dificuldades do PT para articular a base aliada. O articulador deve coesionar a base distribuindo as vantagens e benefícios porque tem a maior parcela do poder, explica o líder comunista, destacando que, na composição da CPI, os dois cargos – de presidente e relator – deveriam ser ocupados por membros da base que não fossem do PT.
''No caso da CPI, o Inácio deveria ser o presidente, mas o PT não aceita, os outros partidos aceitariam, mas o PT não aceita. Eles alegam que ele era de outra comissão, e acabaram criando a confusão da CPI das ONGs e a oposição se aproveitou disso'', critica Renato.
A base do governo tem maioria na CPI, mas débil unidade, é heterogênea por causa dos interesses díspares, o que representa elemento complicador. ''Unificar a base torna-se tarefa difícil e o PT tem dificuldade de articular essa base. Por ser o partido do Presidente da República, ele deveria assumir o centro da articulação, mas, além de não ser esse centro, cria constrangimentos e a própria base se volta contra ele pelas atitudes exclusivistas, sem levar em conta a participação conjunta dos outros partidos'', explica o presidente do PCdoB.
Efeito bumerangue
A oposição quer paralisar a Petrobras, acusa Renato. ''A CPI, mesmo que não chegue a nada, paralisa a máquina que é comandada pelo PT. O objetivo é esse. Máquina que é fundamental pela influência política que tem a Petrobras. Mesmo que não localize responsabilidade dos dirigentes, paralisa a Petrobras'', analisa Rabelo.
No entanto, ele destaca que a iniciativa da oposição pode ter efeito bumerangue. ''Ao lançar a Petrobras no fogo, a oposição cria condições para um movimento em defesa da empresa, açula o sentimento nacional em defesa da Petrobras, o que pode resultar na Petrobras voltar a ser uma empresa pública'', avalia. Atualmente, a maioria das ações da empresa petrolífera não é do Estado brasileiro.
De Brasília
Márcia Xavier