Ícone do peleguismo cobrou Geisel por morte de Fiel Filho
Nos preparativos de seu 11º Congresso — que acontecerá nos dias 17, 18 e 19 de junho —, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo localizou telegrama do ex-presidente da entidade Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, protestando contra o assassinato d
Publicado 13/06/2009 12:45
No telegrama, datado de 20 de janeiro daquele ano, Joaquinzão — um dos maiores ícones do sindicalismo transigente e conciliador no Brasil — denuncia a violência contra presos políticos e cobra do general Ernesto Geisel, presidente da República (1974-1979), providência na apuração e punição dos responsáveis.
A mensagem lembra a morte ocorrida três dias antes, em repetição ao “lamentável episódio registrado mês de outubro de 1975 morte do jornalista Wladimir Herzog”. Joaquinzão manifestou “veemente protesto pelo ocorrido” e cobrou “enérgicas e imediatas providências” para “apuração dos fatos e punição rigorosa seus responsáveis”.
O telegrama ainda pede que o general-presidente impeça os presos políticos de continuarem sendo submetidos a “constrangimento e violência”, enfatizando que que as torturas merecem “repúdio do povo brasileiro”.
Para Miguel Torres, atual presidente do sindicato, o documento revela a coragem de Joaquinzão num momento de grande tensão e de riscos para quem se opunha ao regime. Ele lembra que a morte de Fiel Filho levou Geisel a exonerar o então comandante do II Exército, general Ednardo D’Ávila Mello.
Já o colunista Mauricio Dias, da CartaCapital, classifica o telegrama, “cuidadosamente calculado”, como “uma novidade para quem se interessa pela história do movimento operário no período militar”. Segundo Dias, “a iniciativa do sindicalista, que levou para o túmulo, em 1997, a pecha de pelego e sabujo da ditadura, é uma surpresa”.
O telegrama é um dos destaques da exposição fotográfica e de documentos que o sindicato inaugura na quarta-feira (17), durante a abertura do 11º Congresso dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. No encerramento do encontro, dois dias depois, familiares de Manoel Fiel Filho receberão placa em homenagem ao operário, que era sócio do sindicato desde 1956.
Da Redação, com Agência Sindical e CartaCapital