A enchente e a luta política na terra do guaraná

A proximidade do final do mês de junho gera grande expectativa por parte dos cidadãos amazonenses, sobretudo, os que residem no interior do Estado. Este é o período em que a cheia dos rios cessa para dar

Localizado à 356 KM de Manaus, pela via fluvial, Maués é conhecida como a terra do guaraná – por conta da qualidade desse grão que é cultivado no município – e, também, pelas suas belas praias e paisagens naturais. No entanto, a enchente dos rios da Amazônia não permitiu que esses aspectos positivos resistissem aos efeitos danosos da subida dos rios.


 


 


Segundo o secretário de organização do PCdoB no município, Samuel Coelho, residente  no local, “a cheia gerou grande transtorno para a população porque os ribeirinhos não esperavam que o rio fosse subir tanto”.


 


 


Os maiores danos causados pela enchente, segundo o dirigente comunista, é a queda nas vendas do comércio local, as condições do gado criado no município e, principalmente, a situação dos ribeirinhos. “Mas o principal prejudicado é o ribeirinho”, ressalta Samuel.


 


 


A perda de toda a plantação que os agricultores cultivavam, a ausência de local para a criação do gado e, inclusive, de capim para a alimentação desses animais diminuiu o já reduzido poder de compra dos ribeirinhos. Tal fato comprometeu as relações econômicas no município e fez com os prejuízos chegassem aos comerciantes.


 


 


De acordo com Samuel, as condições se tornam ainda piores por conta da contrapartida mínima da prefeitura. “A prefeitura listou algumas famílias mais afetadas para que elas pudessem receber uma ajuda financeira, mas até hoje ainda não chegou na mão delas”, afirmou. “A ajuda é pouca, só que o caboco já precisa sem enchente, ainda mais agora”, completou lembrando que se trata do auxílio de R$ 300 concedido pelo governo do Estado, sendo que o cadastramento é feito pela Defesa Civil dos municípios.


 


 


Precariedade socioeconômica é pano de fundo para as lutas políticas


 


Nesse cenário conturbado, o PCdoB(Maués) tem a meta ousada de fazer com que a população reconheça nas lutas políticas o caminho para a conquista de benefícios sociais e melhor qualidade de vida. As bases para isso acontecer já foram lançadas e o trabalho cotidiano de Samuel, juntamente com a presidente do comitê municipal Rita Ferreira, já são notados. No entanto, resvalam numa concepção já arraigada do povo, que ainda se sujeita as vontades das famílias tradicionais do município.


 


 


“Fazemos um trabalho para gerar filiação em massa no nosso partido, com o objetivo de quebrar a hegemonia das famílias tradicionais que tentam impedir a atuação dos movimentos sociais dentro do município”, destacou Samuel, ressaltando que como este ano ocorrerá as conferências municipais do partido e as etapas estadual e nacional do congresso dos comunistas esse trabalho ganhará novo fôlego.


 


 


Com o intuito de potencializar o trabalho iniciado anos atrás por camaradas da região, Samuel avalia alguns avanços que o partido teve nesse curto período. “Antes de nós chegarmos aqui não havia qualquer cobrança ao poder público. Hoje já desenvolvemos inclusive a discussão sobre a mulher, sobre a juventude. E temos um bom entendimento com o povo saterê, com os quais temos alguns projetos que faltam ser executados”, diz. Os saterês-maué são a etnia indígena predominante no município.


 


 


Além disso, militantes do PCdoB(Maués) dirigem o sindicato dos agricultores, a delegacia sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), a Associação de Moradores do bairro Donga Michiles, o mais precário do município, e o Conselho Tutelar.


 


 


Mas do que o balanço das ações do partido, Samuel avalia em que condições se dá a atuação política na terra do guaraná. “A luta em Maués é muito desigual, pois todo mundo é parente aqui, além do município ser distante de tudo e não ser passagem para nenhum outro município. Mas temos que continuar a luta, fazer muito curso para abrir a mente do povo até que novas pessoas comprem a briga para si e venham ajudar a construir o partido”, enfatiza. “Mas agora é esperar o rio baixar”, conclui sorrindo.


 


 


De Maués,


Anderson Bahia


 


Ouça a rádio http://www.vermelho.org.br/am/radioam.htm