Sepultamento de Bergson e homenagens deverão ocorrer em Setembro

O sepultamento dos restos mortais do militante comunista cearense, identificados anteontem, deverá acontecer apenas em setembro, quando será possível reunir todos os parentes a Fortaleza. Também existem planos para a construção de um memorial em homenagem

Deverá ficar para a segunda quinzena de setembro o sepultamento dos restos mortais do cearense Bergson Gurjão Farias, ex-militante político morto em 1972 na Guerrilha do Araguaia, durante a Ditadura Militar. Após ter recebido anteontem a notícia de que a ossada do jovem foi finalmente identificada, após 37 anos de espera, a família decidiu aguardar mais um pouco para realizar a solenidade, até que seja possível reunir todos os parentes que residem fora de Fortaleza.


 


Segundo uma das irmãs de Bergson, Tânia Farias, também em setembro deverá ser inaugurado um memorial em homenagem a ele, previsto para ser instalado no Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará (UFC) – onde Bergson cursava a graduação em Química. O memorial será financiado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República.


 


No início de agosto, a coordenadora do projeto Direito à Memória e à Verdade da SEDH, Vera Rota – a mesma que anunciou pessoalmente à família a identificação dos restos mortais – voltará a Fortaleza para planejar a construção de uma escultura de aço e acrílico, em referência aos “anos de chumbo”, onde será colocada uma foto de Bergson e um texto com sua história de vida. Segundo Tânia, a proposta é que o memorial seja inaugurado no mesmo dia do sepultamento, que, conforme a vontade da mãe do jovem, será realizado no cemitério Parque da Paz.


 


Tânia ressaltou que, embora haja muitos planos, a programação pensada pela família pode sofrer alterações, já que as decisões serão tomadas em consonância com a SEDH e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. A irmã de Bergson chegou a dizer, em tom de brincadeira, que cogita escrever um livro sobre as lembranças da família desde que ele começou a militar no PCdoB.


 


Buscas retomadas


 


As buscas por restos mortais de outros desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia foram retomadas, mas ainda sob muita polêmica. Os questionamentos partem do Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal e da Comissão dos Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, que pedem a saída dos militares das investigações.


 


“É uma coisa absurda, grotesca e violenta a ida do Exército à região onde as pessoas foram executadas. Imagine os traumas dessa população, que serão revividos”, contestou a presidente da Comissão, Criméia Schmidt de Almeida.


 


De acordo com o Ministério da Defesa, o Exército foi escolhido para coordenar o grupo de buscas por ser a instituição com melhores condições de oferecer apoio logístico.