'UNE: Um congresso do tamanho dos nosso desafios'
Pela 51ª vez, lideranças estudantis de todo o país estarão reunidas em Congresso. Nestes setenta e dois anos, construímos a UNE, uma das grandes, das maiores entidades do planeta. Não nos contentamos em falar apenas do Brasil, os estudantes e sua entid
Publicado 14/07/2009 14:35
Em 2009, comemoramos os trinta anos de um desses feitos: a reorganização da UNE, ainda durante a ditadura militar. As ameaças, agressões e torturas do regime autoritário, que buscavam impor a “ordem” oficial, a paz do cemitério, nunca conseguiram arrefecer o ânimo daquela brava geração de jovens que sonharam e conquistaram um país democrático.
O ambiente de hoje é outro. Os aviões, carros e ônibus não serão revistados quando levarem os 15.000 estudantes à Brasília para construir o 51º Conune. Alguns colegas já deixaram suas cidades em viagens até de barco, trazendo sua opinião combativa e garantindo que nenhum estado brasileiro esteja de fora: todos os 27 estarão lá.
Em 2.342 instituições superiores de ensino, os estudantes montaram chapas e, em eleições democráticas, elegeram seus mais de 5.000 delegados-representantes para uma assembléia de quórum superior a quatro milhões e meio de universitários. Um exemplo para a jovem democracia brasileira. Mesmo sob o silêncio da nossa retrógrada grande mídia, a UNE se agiganta.
O país vive momento de avanços democráticos, ocasião em que a luta dos estudantes pode obter importantes conquistas. Com satisfação, vemos nossas bandeiras serem materializadas: as universidades públicas duplicaram a oferta de matrículas na rede federal; quatrocentas mil vagas foram abertas pelo Prouni, iniciando o enfrentamento da visão do ensino superior elitista.
Derrotamos o Provão e disputamos a implementação do Sinaes, desafiando o setor privatista de educação. Pela primeira vez, assistência estudantil é garantida por financiamento próprio, nacional.
A UNE tem novamente a posse do terreno de sua sede histórica, na Praia do Flamengo 132, no Rio de Janeiro – onde reconstruiremos a casa dos estudantes pelo projeto de Oscar Niemeyer.
Mas, no Conune 51, diremos que queremos muito mais. A Nação mais justa e desenvolvida, que o movimento estudantil se dispõe a ajudar a construir, está ainda muito distante. Por ela, nos dispomos a empenhar o esforço e o potencial criador dos estudantes brasileiros.
Conquistar a Reforma Universitária
Já temos um centro em nossa pauta: o projeto de reforma universitária, sistematizado com mais de 2.000 Centros Acadêmicos credenciados ao 12º Coneb. Com ele já conseguimos um feito inédito: uma proposta educacional da UNE tramitando no Congresso Nacional. Não será fácil enfrentar os interesses particulares dos tubarões, que a qualquer custo querem a educação a serviço de engordar suas contas bancárias.
Mas o Congresso da UNE é o momento certo para nos prepararmos para esse desafio. Sairemos dele com a defesa da educação pública em punho e na ponta da língua, lembrando que educação é para servir ao povo e à Nação. Educação para todos, por um Brasil grande.
Na abertura do Congresso, dia 16 de julho, teremos a oportunidade de apresentar nossas reivindicações diretamente para o presidente Lula, que participará do Encontro Nacional de Estudantes do Prouni. Esta será a primeira vez que um presidente da República vai a um Congresso da UNE e devemos aproveitar a ocasião, buscando o compromisso de Lula em apoiar a aprovação do nosso PL de Reforma Universitária, a construção da sede da UNE e uma nova regulamentação da meia-entrada no Brasil.
O pré-sal é nosso!
Deste encontro, sairemos para o que fazemos de melhor: reivindicar nas ruas. Estudantes de todo o Brasil caminharão na capital da República em defesa do petróleo nacional, reivindicando que metade da riqueza gerada pelas recentes descobertas da camada pré-sal sejam revertidas para educar os brasileiros.
Em 2010, o Brasil pode ainda mais
São muitos, portanto, os nossos desafios. O Congresso da UNE antecede as próximas eleições presidenciais. É fato que trataremos da questão e devemos rejeitar a linha que pretende focar essa discussão no apoio a alguma das pré-candidaturas hoje apresentadas.
Os estudantes devem entrar no debate com opinião firme sobre o futuro do país e, principalmente, com nossa mobilização. A disposição da UNE deve ser a de lutar por um rumo democrático e socialmente justo para o Brasil e de evitar retrocessos representados pela volta do neoliberalismo.
Pela 51ª vez, a União Nacional dos Estudantes realizará seu Congresso. Mais uma vez, os estudantes sistematizarão suas idéias e sairão convencidos a realizá-las. Que o façamos com a unidade daqueles que apostam nisso e que a próxima diretoria da UNE seja ampla, plural e, ao mesmo tempo, coesa.
Os setenta e dois anos de história de nossa entidade devem nos orgulhar. Honrar essa trajetória significa compreender que a maior batalha é sempre a próxima. Com a bandeira erguida, devemos estar à altura desses desafios. Viva a UNE! Viva o 51º Congresso da UNE!
*Augusto Chagas é estudante de sistemas de informação da USP e candidato do movimento Da Unidade Vai Nascer a Novidade à presidência da UNE