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Elevar gasto público ajuda Índia a reagir

A Índia reagiu à crise mais rapidamente e melhor do que o Brasil devido à sua visão voltada para o futuro. A comparação foi feita pelo economista André Nassif, do BNDES, durante seminário que comemorou os 55 anos da Associação de Funcionários do BNDES (AFBNDES).

De acordo com Nassif, além de restringir a presença de especuladores estrangeiros, a Índia usou uma política fiscal agressiva, elevando em 20% o gasto corrente, que já vinha crescendo 6% ao ano antes da crise. Como resultado, a indústria indiana apenas desacelerou, caindo de 9% para 5%, enquanto no Brasil o setor deve despencar 6% em 2009.

''O impacto da política fiscal permitiu que a taxa de investimento privado na Índia caísse apenas 7 pontos percentuais, de 29% do PIB para 22%, enquanto no Brasil o investimento despencou de 18%, em 2008, para os atuais 3% do PIB'', comentou. De acordo com Nassif, o Brasil não precisaria ter entrado em recessão. ''Houve erro na política monetária. O elevado grau de abertura financeira tirou margem de manobra do governo'', frisou.

Juros

Presente ao evento, o economista José Carlos de Assis destacou que, na Índia, 96% do sistema bancário são estatais, o que facilitou o trabalho do governo. Nassif, por sua vez, salientou que a Índia não adota regime de metas para a inflação e, portanto, tem mais autonomia para fazer política cambial.

''O câmbio é nossa principal questão não resolvida, tanto que a desvalorização do real foi a mais acentuada. Isso coloca em xeque todos os esforços do BNDES e a própria política industrial'', disse.

Nassif lembrou, ainda, que, enquanto o banco central indiano reduziu juros em 3 pontos percentuais, o Brasil demorou a admitir que a recessão viria.
''No geral, desde dezembro, a Índia ampliou o gasto público em 3 pontos percentuais do PIB. Proporcionalmente, isso é um pacote maior que o dos EUA'', resumiu.

A informação é do Monitor Mercantil