Tocantins: Festas religiosas movimentaram o interior neste final de semana
Os Festejos do Bonfim e de Nossa Senhora d'Abadia movimentaram as cidades do Sudeste do Tocantins.
Publicado 18/08/2009 01:46 | Editado 04/03/2020 17:22
No sudeste do Tocantins, acontecem duas das principais manifestações culturais do Estado: a Romaria do Senhor do Bonfim de 06 a 17 de agosto, no povoado do Bonfim em Natividade e as Cavalhadas de Taguatinga, realizadas dentro dos festejos de Nossa Senhora D´Abadia, entre os dias 08 e 15 de agosto.
A Romaria do Nosso Senhor do Bonfim contará com uma vasta programação religiosa tendo como lema, este ano: Na confissão e unção dos enfermos se vê a misericórdia Divina. O governo do Estado, por meio da Fundação Cultural do Tocantins, está mais um ano participando das festividades, disponibilizando apoio na programação do evento.
O ponto alto das comemorações acontece, no dia 15 de agosto, com a celebração da missa campal em louvor ao Senhor do Bonfim. No dia seguinte, a homenagem é para Nossa Senhora Imaculada Conceição e, no dia 17, ocorre à missa dos romeiros, que encerra oficialmente as atividades. Acontecem ainda programações do Senhor do Bonfim dos municípios de Araguacema e Fortaleza do Tabocão, que prosseguem também até dia 17 de agosto.
O povoado de Bonfim, onde vivem cerca de 100 pessoas, chega a receber mais de 60 mil fiéis durante as cerimônias. São pagadores de promessas, que chegam a atravessar a pé, os 22 km que separam Natividade do povoado para depositar as suas oferendas aos pés da imagem do santo.
A representação cênica das Cavalhadas 2009 acontecerá nos dias 13 e 14 de agosto, mas a programação social e religiosa teve início no dia 08 e se estenderá até o dia 15, com alvoradas, procissões, novenas e missas. Na quinta-feira, 13, a programação iniciar-se-á às 5h, com a alvorada. Às 14h, acontece a abertura oficial das Cavalhadas, no campo de Futebol da cidade, além da realização de novena e celebração eucarística na Igreja Matriz.
Na sexta-feira, 14, a representação final das cavalhadas acontece às partir das 14h, encerrando-se às 17h30. Em seguida na Igreja Matriz, às 19h, acontece a novena e celebração eucarística.
No dia 15, a partir das 5h, haverá alvorada e às 8h, missa solene em honra a Padroeira da cidade, Nossa Senhora D’Abadia. As Cavalhadas são uma realização da prefeitura de Taguatinga.
Romaria do Bonfim – História
Antigamente o povoado do Bonfim era uma fazenda de propriedade do casal José Constâncio e Sena e Joana Martins Chaves Sena. Um pedaço de terra totalmente desconhecido, habitado, apenas periodicamente pelos proprietários, agregados e animais que pastavam o verde capinzal, regado abundantemente pelos rios Manuel Alves e Tocantins. Hoje, Bonfim é patrimônio da igreja.
Por volta de 1913, o lugarejo recebeu a primeira visita episcopal de Dom Prudêncio de Moraes, em trabalhos missionários, levando com ele o padre Vicente, Frei Reginaldo Tourniér, Frei Aleixo e Frei Gil Vilanova.
No início, a capela, que hoje é a igreja, era simples e rústica e aos poucos foi ficando pequena para os devotos. Dom Alano Maria Do Noday, então bispo da Diocese de Porto Nacional, providenciou a construção definitiva da igreja, atribuindo a responsabilidade ao construtor Benício Nunes de Araújo que, em 1940, lançou a pedra fundamental e deu início aos trabalhos com ajuda financeira da Diocese e de fiéis. Em 1952, ainda em fase de construção, foi celebrada a primeira missa solene pelos freis Reginaldo e Gil.
Origem
Não existe uma data exata de quando os festejos do Senhor do Bonfim se originou, mas a peregrinação ao povoado já ultrapassava mais de dois séculos. Em Natividade, a romaria remonta ao século XVIII com a formação dos primeiros arraiais. Existem diversas hipóteses a respeito da formação do povoado do Bonfim, para onde seguem os romeiros todos os anos. Alguns acreditam que ele teria se originado de um santuário criado por fiéis ou de um núcleo missionário das irmãs carmelitas ou dos jesuítas.
Os moradores da região afirmam que um vaqueiro teria encontrado nessa área, em local pantanoso, a imagem do Senhor do Bonfim em cima de um toco de madeira. Essa imagem teria sido retirada várias vezes desse local e levada para Natividade, mas desaparecia e reaparecia no mesmo lugar onde foi encontrada. A crença nesses acontecimentos deu início à peregrinação para essa localidade.
Cavalhadas
Na Idade Média, os árabes foram denominados genericamente de mouros. Estes povos invadiram a Europa por volta do século VIII e só foram banidos do continente europeu no século XV. As cavalhadas representam a luta entre o exército de Carlos Magno, coroado Imperador do Ocidente em 800, pelo Papa Leão III, e os mouros.
É durante os festejos da Padroeira que acontecem as Cavalhadas, considerada uma das festas mais bonitas do Brasil e é a única no Estado do Tocantins. Em Taguatinga, as cavalhadas tiveram início em 1937, sendo interrompida por 40 anos e retomada em 1997. O ritual se inicia com a bênção do sacerdote aos cavaleiros e a entrega, ao imperador, das lanças usadas nos treinamentos para a batalha, simbolizando que estes estão aptos para se apresentarem em louvor a Nossa Senhora D’Abadia e em honra ao imperador. São 24 cavaleiros, 12 representando os cristãos, trajando azul, e 12 os mouros, de vermelho.
A apresentação solene dos cavaleiros na arena é a encenação o embate entre mouros e cristãos onde haverá a conversão dos mouros ao cristianismo, através do batismo. Durante a missa, o imperador leva as argolas que serão disputadas pelos cavaleiros para serem abençoadas pelo sacerdote. No último dia da festa, acontecem as corridas de confraternização entre mouros e cristãos e a disputa das argolinhas que são oferecidas pelos cavaleiros em homenagem às pessoas que colaboraram com a realização da festa.
O ritual da festa entre mouros e cristãos é antecipado pelo desfile dos caretas, grupo de mascarados representando bruxas, caras de boi com chifres e outros animais. Os cavalos, usados pelos caretas, são enfeitados com flores e portam instrumentos que produzem um barulho que os identifica.
Fonte:www.conexaotocantins.com.br