Sem categoria

As viagens de Aécio e seu mantra vazio contra o governo

O pré-candidato tucano à presidência da República, Aécio Neves, governador de Minas Gerais, viaja pelo país e ninguém cobra dele, ninguém o acusa de estar fazendo campanha eleitoral ou usando a máquina pública mineira, como fizeram com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e com o presidente Lula.

Por José Dirceu, em seu blog

Para a oposição, para a mídia, tudo é natural quando se trata dos senhores do poder. Eles se sentem agora ameaçados pela real possibilidade de o presidente da República fazer seu sucessor elegendo a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff e por isso Aécio percorre o país repetindo seu mantra: o PT não tem projeto para o país e aparelha o Estado.

A primeira afirmação não resiste à realidade, não tem o menor fundamento exatamente pela comparação entre a era tucana com FHC e o dia de hoje com Lula presidente. São dois modelos, dois projetos muito distintos, que o país julgou em 2002 e 2006 – e julgará de novo em 2010 – e eles foram fragorosamente derrotados. A população rejeitou o projeto do PSDB. Trata-se, portanto, de mera retórica tucana. O Brasil não só tem projeto como rumo.

A segunda é sobre “a companheirada”, como fala o governador mineiro de forma depreciativa e pejorativa, referindo-se aos sindicalistas e às lideranças do PT que ocupam hoje, legitima e legalmente cargos de confiança no governo e nas empresas estatais.

Aécio quer manter a reserva de mercado (na política, no governo, no Estado) para seu partido e para a elite política conservadora que serve aos interesses dos que os mantinham no poder. Tucanos não aceitam que homens e mulheres do povo governem e exerçam mandatos e cargos públicos.

O que causa espécie e revela incoerência em Aécio é que basta fazer um levantamento no secretariado e no primeiro escalão dos governos tucanos mineiro e/ou paulista para conferir que a imensa maioria dos postos é ocupada por filiados do PSDB ou de seus aliados como é próprio da democracia e dos governos de coalizão.

Sendo assim o tão propalado aparelhamento do Estado – mantra de Aécio e de muitos tucanos mais – não passa da expressão e confissão de uma disfarçada discriminação e de um preconceito elitista.