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Congresso do PSOL tem 300 delegados e 9 teses em disputa

O PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que faz oposição ao Governo do presidente Lula, iniciou seu 2º Congresso Nacional. Na página do partido na internet, um dos textos sobre o evento afirma que "na opinião de diferentes tendências internas, o PSOL é o único partido capaz de produzir respostas concretas à crise do capitalismo e uma alternativa à esquerda à falsa polarização entre PT e PSDB no processo eleitoral no próximo ano".

Heloisa Helena durante abertura do 2º Congresso Nacional do PSOL

Para dar conta de um desafio assim tão magnânimo, os cerca de 500 ex-petistas, sendo pouco mais de 300 deles delegados congressuais, estão reunidos na quadra dos Bancários, em São Paulo, desde a manhã desta sexta-feira (21) para decidir os próximos passos do partido. Nada mais nada menos que 9 teses e 4 "contribuições ao debate" estão em disputa no congresso psolista.

O nome de Heloísa Helena para a Presidência da República será um dos principais temas em discussão no Congresso, que vai até domingo (23). Os congressistas desenharão o programa eleitoral e a estratégia de campanha com os quais o PSOL vai concorrer nas eleições de outubro de 2010. Embora a legenda não tenha definido seu candidato a presidente, sua liderança mais visível é a ex-senadora Heloísa Helena, uma forte crítica do Governo Lula e que em 2006 obteve pouco menos de 7% dos votos.

Heloísas Helena foi expulsa do PT em 2003 por suas críticas às políticas "neoliberais" da legenda que levou Lula ao poder. O ex-deputado João Batista Oliveira de Araújo, mais conhecido como "Babá", que deixou o PT e fundou o PSOL junto com Heloísa Helena, comentou que "o nome dela tem que ser definido (como candidata) agora para que o partido saiba já como vai construir seu programa", segundo um comunicado do partido.

No entanto, fontes ligadas ao PSOL explicaram que a própria Heloísa Helena parece inclinada a concorrer ao Senado, já que é favorita nas pesquisas por Alagoas.

Durante a abertura do Congresso, a ex-senadora e atual vereadora por Maceió pregou a "unidade verdadeira do partido" e e deixou uma eventual confirmação de sua candidatura à Presidência da República em aberto. Heloísa Helena aproveitou o discurso para elogiar a senadora Marina Silva, que também deixou o PT na última quarta-feira e planeja disputar a eleição presidencial em 2010 pelo PV. "Para mim, a Marina é uma mulher maravilhosa, uma militante de esquerda exemplar, mais do que uma companheira, é uma amiga pessoal", disse Heloísa, acrescentando que não falava como dirigente partidária, uma vez que seu partido ainda não definiu os rumos para 2010.

“Uma disputa eleitoral não pode ser baseada nos índices apresentados pelos institutos de pesquisa porque isso é típico de oportunismo eleitoreiro. A candidatura se dá em torno do conteúdo programático, do candidato que represente a unificação do partido”, disse Heloísa.

Segundo a dirigente do PSOL, é possível haver várias pré-candidaturas, mas é necessário definir um programa primeiro. "Ir para um processo eleitoral, seja em Alagoas, seja no Brasil, ou ainda não estar em processo eleitoral nenhum, significa que tem que ter pelo menos coerência, e por isso temos que construir um programa, depois discutir qual aliança se coaduna com ele, e depois ver qual o melhor nome."

Todos os participantes da mesa de abertura do Congresso pediram aos delegados a indicação de Heloísa para se candidatar novamente à presidência da República em 2010. Falaram todos os parlamentares do partido no Congresso Nacional: o senador José Nery e os deputados federais Chico Alencar, Ivan Valente e Luciana Genro. Além dos convidados que representam entidades de movimentos sociais como Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Movimento Terra e Liberdade (MTL), Conlutas, Intersindical e os partidos de esquerda PCB e PSTU.

A limitada representatividade dos convidados mostra como o PSOL, partido que nasceu há cinco anos, continua isolado na arena política, mesmo dentro do âmbito da esquerda. A própria Heloísa Helena destacou a necessidade do partido ampliar suas alianças. "Um partido não pode se considerar uma igreja fundamentalista dona da verdade absoluta, onde só seus quadros partidários podem disputar os cargos importantes", afirmou.

O início do evento também foi marcado por homenagens a militantes que faleceram recentemente, solidariedade ao povo de Honduras que sofreu golpe militar. Os contornos da quadra dos Bancários estão repletos de faixas com os mais diversos motivos: críticas ao PT, alertas sobre a crise financeira mundial, pedido de prisão para o banqueiro Daniel Dantas, solidariedade ao povo de Honduras e Fora Sarney. Além, claro, das que proclamam Heloísa Helena presidente.

Discurso da ética

As teses em debate no Congresso do PSOL versam sobre os mais diferentes temas da conjuntura nacional e internacional, mas, para variar, o tema predominante nos discursos deste primeiro dia de congresso foi o da ética na política. O papel do partido na luta revolucionária na América Latina foi outro tema que norteou os discursos.

Os parlamentares do partido falaram sobre o resgate da ética na política, principalmente no Senado Federal. O senador José Nery (PSOL/PA) afirmou que o 2º Congresso representa, no contexto da política brasileira, o que interessa para a maioria da população brasileira historicamente excluída do processo de decisão no país. “O PSOL ao lado de outros partidos da luta socialista constituem a possibilidade concreta de construirmos uma alternativa e um caminho para regularizar a política e alcançar um patamar ético”. Ele falou sobre o combate do partido no Senado em relação às denúncias de corrupção contra Sarney e apoiou a candidatura de Heloísa Helena para presidente em 2010.

O deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ) falou como acredita que a corrupção se espalhou na política brasileira e qual posicionamento do PSOL nesse contexto. “Nós vivemos uma desagregação partidária. Denunciamos a podridão daqueles que trepidam sobre a classe trabalhadora, hegemonizam as instituições parlamentares e a dominação capitalista”. Para ele o nome que encarna todos os sonhos socialistas do partido é Heloísa Helena e defendeu a candidatura à presidência da ex-senadora.

Já a deputada federal Luciana Genro (PSOL/SP) citou a importância do partido se tornar ainda mais inserido nas causas revolucionárias latino-americanas. “Nós aqui no Brasil temos uma responsabilidade imensa na internacionalização, pois é muito importante enfrentar o imperialismo na América Latina”. Citou também atual crise do PT no Senado. “Já dizíamos que o PT abandonou suas bandeiras há muito tempo. Isso é resultado de uma pressão imensa sobre esses senadores de um setor mais amplo da sociedade”. Luciana defendeu a reeleição de Heloísa para a presidência do partido. “Ela é a cara do PSOL”.

Ivan Valente (PSOL/SP), também deputado federal, destacou o papel dos militantes para o crescimento do partido. “Cada um de vocês pode se orgulhar de pertencer ao PSOL, um partido jovem que hoje é uma referência na sociedade”. Segundo ele, o partido deve mostrar como pode ser alternativa de esquerda, democrática, socialista e contrário ao neoliberalismo. “O nome que aglutina o sonho do apoio à luta latino-americana, de democratização dos meios de comunicação, da reforma agrária e urbana e as suspeição da dívida pública é o de Heloísa Helena”, concluiu.

Teses e tendências

O PSOL constitui-se como um partido de tendências, boa parte delas trotskistas, abrigando diversas correntes internas como, por exemplo, a Ação Popular Socialista-APS (liderada por Ivan Valente), o Enlace Socialista, Corrente Socialista dos Trabalhadores-CST (liderada pelo ex-deputado Babá), o Movimento Esquerda Socialista-MES (liderado pela deputada federal Luciana Genro), o coletivo Revolutas, a corrente Socialismo revolucionário-SR e as dissidências do PSTU Poder Popular (que saiu do PSTU antes da existência do PSOL, participando mais tarde de sua fundação), o Coletivo Socialismo e Liberdade-CSOL, e a TLS – Trabalhadores na Luta Socialista.

As teses e contribuições em debate neste segundo congresso do PSOL são:

TESE 1 – Possibilidades do PSOL nos desafios por um Novo Brasil

TESE 2 – PSOL na luta com os trabalhadores para construir o socialismo!

TESE 3 – Em defesa do PSOL democrático, classista e de combate

TESE 4 – Colocar o socialismo na ordem do dia!

TESE 5 – Uma alternativa popular, ecológica e socialista para o Brasil

TESE 6 – Novos tempos para o PSOL

TESE 7 – Postular o PSOL como alternativa para disputar influência de massas

TESE 8 – Um partido militante para um Brasil dos trabalhadores e socialista

TESE 9 – Construir o poder popular em direção ao socialismo e à liberdade

Contribuição – Formação, articulação e lutas: Os desafios do PSOL perante a fragmentação da esquerda socialista

Contribuição – Por um partido em que a base tenha voz e vez!

Contribuição – Romper a cortina de fumaça: A necessidade de um debate amplo e sem preconceitos sobre a questão das drogas

Contribuição – O presente é de luta, o futuro é da gente!

Com informações do site do PSOL e agências