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Cúpula da Unasul tentará reduzir clima belicoso na região

A cúpula extraordinária da União das Nações Sul-americanas (Unasul), que acontecerá na próxima sexta-feira (28) na cidade argentina de Bariloche, está sendo analisada como uma ocasião propícia para lançar uma nova aposta pela paz na região.

"É a grande oportunidade que temos para demonstrar qie a América do Sul está construindo sua democracia, sua prosperidade, e estamos trabalhando para que reine a paz", consuderou o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula fixou sua posição durante uma visita, no fim de semana passado, a Villa Tunari, Bolívia, onde afirmou que a instalação de sete bases militares estadunidenses na Colômbia " sensibiliza a região".

Embora não haja a expectativa de que sejam construídas soluções imediatas para todos os problemas na Cúpula Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da Unasul, o governo brasileiro espera que os líderes estejam dispostos a estabelecer uma agenda positiva de cooperação para maior confiança e entendimento. A intenção do Brasil seria a de que o encontro de Bariloche seja um passo anterior a uma reunião com o presidente americano, Barack Obama, que ainda não tem data marcada.

O acordo entre Bogotá e Washington, que permitirá a presença de ao menos 1.400 soldados norte-americanos em território colombiano, será o tema central a debater em San Carlos de Bariloche, uma cidade turística distante mais de 1.600 quilômetros da capital. Assim ficou decidido na III Reunião Ordinária de Chefes de Estado da Unasul, no passado 10 de agosto, na qual o presidente venezuelano, Hugo Chávez, pediu para tratar com urgência o conflito desatado diante de tal situação.

Chávez anunciou ontem à noite uma eventual ruptura de relações com a Colômbia, por considerar a instalação de sete bases estadunidenses no país vizinho como uma declaração de guerra. Antes, o próprio presidente bolivariano antecipou que durante a Cúpula da Unasul apresentará um documento sobre a estratégia global das bases de apoio do comando de mobilidade aérea das forças estadunidenses.

Este relatório, afirmou então, demonstra o perigo que representa, para a Venezuela em particular, e em geral para a América Latina, a presença na Colômbia das tropas norte-americanas. Em contraposição a esta atividade bélica, Chávez propôs a instalação de 70 bases pela paz em zonas limítrofes com a Colômbia, com a intenção de impedir a ameaça que representam para a região as bases militares estadunidenses.

A iniciativa, que pode se estender para países como Bolívia, Equador e Brasil, prevê a participação de organizações sociais e populares, conselhos comunaitários, prefeitos fronteiriços e representantes do alto comando militar e instituições do Estado em um diálogo a favor da paz e da estabilidade na área.

Nessa mesma direção, pronunciou-se o secretário geral da Presidência argentina, Oscar Parrilli, que em declarações a meios de imprensa ponderou o valor da interlocução entre os países latino-americanos no encontro da Unasul. "Dialogar é o modo de evitar uma situação conflitiva na região derivada da decisão da Colômbia de facilitar a instalação de bases militares dos Estados Unidos em seu território, algo que o governo argentino não compartilha", sublinhou.

"Acreditamos na necessidade de conversar e nada melhor que os presidentes, cara a cara, esclareçam todas as dúvidas e suposições que possam haver, para que isto não seja uma situação conflitiva que comece a gerar um clima de violência na região", apontou.

Na opinião de Parrilli, isto "é o pior que pode nos ocorrer", pois a América Latina atravessa um processo de integração "como nunca se deu em seus 200 anos de história e mais ainda com governos que pensam muito similar em muitas coisas". A expectativa é a de que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, dê detalhes na Argentina sobre o tal acordo.

Outro assunto que também deve estar em pauta no encontro é o esclarecimento sobre um suposto acordo secreto entre Chile e Bolívia para dar uma saída para o mar ao país governado por Evo Morales. A existência desse tipo de negociação foi desmentida pelos dois países, mas Lima insiste que Santiago e La Paz devem dar detalhes sobre seus últimos contatos diplomáticos. 

 Com Prensa Latina