Vanessa Grazziotin discoda de Minc sobre a BR319

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a licença ambiental para o início das obras da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), depende das exigências que precisam ser cumpridas. No caso do Amazonas, ele afirmou que a criação de unidades de preservação às margens da rodovia está dentro do cronograma, mas as obras que competem a Rondônia estariam atrasadas. Já o governo federal, por meio do Instituto Chico Mendes, estaria começando a sua parte.

A deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB), que esteve na reunião entre o ministro e os parlamentares da bancada do Amazonas nesta quarta (26), em Brasília, disse que essa avaliação colocada por Minc não faz sentido no tocante a Rondônia. Para ela, “há muitas controvérsias” sobre o tema.

“Segundo o ministro, faltaria o governo de Rondônia cumprir com sua parte. No meu entendimento, Rondônia não tem absolutamente nada que ver com isso já que a licença ambiental para o trecho que vai de Porto Velho a Humaitá (AM) já foi concedida. A partir deste trecho, os outros 450 quilômetros ainda não licenciados ficam inteiramente dentro do estado do Amazonas. Essas são questões que vamos dirimir com uma reunião mais ampla, entre os dois ministérios (Transporte e Meio Ambiente) e a bancada amazonense”, disse a deputada à Agência Brasil.

Dnit entrega informações ao Ibama

Na reunião, foi informado que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já entregou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) as informações complementares ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) necessário à obtenção da licença ambiental. Uma primeira versão do estudo foi rejeitada no dia 9 de julho por não permitir a avaliação da viabilidade ambiental da obra, segundo o Ibama.

Segundo o senador João Pedro (PT-AM), coordenador da bancada amazonense no Congresso Nacional, além de analisar os novos dados apresentados pelo Dnit, o Ministério do Meio Ambiente vai coordenar uma inspeção no local para checar se as providências compartilhadas entre os governos federal, do Amazonas e de Rondônia estão sendo adotadas.
De acordo com o presidente do Ibama, Roberto Messias, também presente na reunião, tanto os resultados da análise das novas informações fornecidas pelo Dnit, quanto os da inspeção serão conhecidos no próximo dia 10, quando o grupo de trabalho criado para acompanhar o assunto fará uma reunião.

“No dia 10, teremos o resultado da vistoria de campo e a resposta sobre se os dados complementares apresentados ao Dnit são ou não satisfatórios”, afirmou Messias, evitando fixar uma data para a concessão da licença ambiental.

"Seria muito arriscado dizer uma data porque isso depende do resultado da vistoria no local e do resultado da complementação das informações. O Ibama tem que ser rigoroso, já que uma mesma obra pode causar malefícios ou ser feita de forma a não afetar ninguém negativamente. Sempre que me perguntam dos prazos, eu falo que se tudo for apresentado corretamente e as atividades propostas forem cumpridas, certamente [o licenciamento poderá sair ainda este ano]”, disse.

Embora não tenham obtido do ministro Minc uma data para o início das obras, os parlamentares da bancada deixaram a reunião dizendo-se satisfeitos. Para o deputado federal Lupércio Ramos (PMDB-AM) a reunião foi esclarecedora. “Estávamos entendendo que havia um cabo de guerra entre os ministérios do Meio Ambiente e o dos Transportes, mas, segundo o ministro, não se trata disso. O que há são exigências que têm que ser cumpridas [pelos diferentes órgãos]”.

De Brasília,
Iram Alfaia

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