Bergson Gurjão é lembrado para nome de nova escola em Fortaleza

Sexta-feira, 28 de agosto. Uma tarde diferente na Praia do Futuro, em Fortaleza. Alunos (as), educadores (as) e moradores se juntaram para assistir a apresentação e defesa dos nomes que disputarão a eleição, na próxima segunda (31/8), para a escolha do nome da mais nova escola municipal da área.

Concorrem o ex-arcebispo de Fortaleza, Dom Aloísio Lorscheider; a comunista Olga Benário, deportada do Brasil e morta pelos nazistas na Alemanha de Hitler; o estudante cearense morto na Guerrilha do Araguaia e militante do PCdoB, Bergson Gurjão; a missionária Irmã Maria das Dores Lima, que atuava na área da Praia do Futuro e Caça e Pesca e a professora Maria Adélia Costa, educadora com trabalho na área da Regional 2. Cinco nomes e a história da comunidade, da cidade e do Brasil sendo recontada para um público atento e curioso.

O nome de Bergson foi apresentado por Aguinaldo Aguiar, militante do PCdoB e membro da equipe de assessoria da vereadora Eliana Gomes. Ele destacou a luta do jovem comunista em defesa da liberdade e da justiça, desde quando era estudante em Fortaleza e depois na selva amazônica, ao lado de outros cearenses e brasileiros, na Guerrilha do Araguaia, quando foi morto pelos militares. Ao final, Aguinaldo agradeceu por aquele momento histórico e pela lembrança do nome de Bergson por pessoas da comunidade. Ele disse que, independente do resultado da escolha, o mais importante é o conhecimento da história dos verdadeiros heróis como Bergson e tantos outros homens e mulheres que tiveram a coragem de dedicar o melhor de suas vidas a causa do povo.

A comunidade escolar foi estimulada a pesquisar nomes que atendessem ao que pedia os critérios definidos pelo regimento da eleição: nomes de pessoas não vivas que contribuíram com a organização e defesa dos direitos do povo e que tivessem alguma relação com a escola e a causa da educação. O nome de Bergson surgiu a partir de sugestão feita pelo morador Adaildo Carvalho Gomes, pai de um aluno da escola. Ele disse que se emocionou bastante ao conhecer a história do estudante cearense, morto aos 25 anos de idade.

Regimento e comissão eleitoral garantem a organização de todo o processo. Alunos com idade acima de 12 anos e seus pais poderão votar. Já os moradores, terão que apresentar documento e comprovante que residem no bairro. Essas são algumas das regras.

Para Jairo Oliveira, morador da região e integrante da comissão eleitoral, “o que está acontecendo aqui é muito importante pois é um reconhecimento de que a escola é fruto de uma luta da comunidade que durou 10 anos e, apesar da pressão dos grandes especuladores de terrenos da região, que não queriam de maneira nenhuma a construção do equipamento, a proposta foi aprovada no Orçamento Participativo (OP), no ano de 2005 , fato decisivo para avançar na concretização desse sonho.” Ele destaca ainda que desde o primeiro momento, as entidades locais envolvidas no processo, reivindicaram a participação na definição do nome. Os seguimentos são: as comunidades de moradores do bairro, Comunidades Eclesiais de Base (Ceb´s), Fórum de Educação da Praia do Futuro (Fepraf), Conselho de Delegados do Orçamento Participativo (OP), pais e mães de alunos (as), estudantes e profissionais da escola.

A diretora da escola Magda Santos, que também é a presidente da comissão eleitoral, disse que o processo de definição dos nomes se deu através de várias reuniões envolvendo todos os seguimentos da escola e da comunidade. Segundo ela, a opção de fazer um processo participativo surgiu como forma de reconhecer a importância destas pessoas e organizações e também para estimular a participação da comunidade escolar, desde os primeiros momentos, nos destinos da escola. “É um exercício de participação maior, pois houve a preocupação de envolver todas as pessoas, independente de concepções de fé, política partidária ou religiosa. Desde o início, fizemos de tudo para que todos estivessem envolvidos e participassem do processo,” defendeu a educadora.

Sobre a escola

A Emeif Padrão Luxou (o nome provisório lembra a existência de um clube que existia na área, onde ocorreu uma ocupação de famílias sem teto) foi construída obedecendo ao Padrão do Ministério da Educação (MEC) e atualmente tem 510 alunos matriculados. São doze salas de aula já preparadas para receber cerca de mil estudantes no próximo ano nas séries de educação infantil e ensino fundamental. Apesar do belo prédio faltou a construção da quadra de esportes, que é aguardada para o próximo ano. No mesmo terreno da escola também foi construída uma creche pública, que atende cerca de 90 crianças, outra antiga reivindicação da comunidade. A escola funciona na rua Julio Silva, 450, a dois quarteirões da avenida Dioguinho. Maiores informações com a diretora Magda Santos (3105.1412).

Da redação local