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Eleições no Afeganistão têm 550 acusações de fraude

As acusações de fraude nas eleições presidenciais do Afeganistão chegaram a 550, mais do que dobrando o número anunciado pelos investigadores há dois dias, afirmaram autoridades afegãs. A informação indica como deve ter sido forte a intimidação durante as eleições realizadas no dia 20 de agosto, ameaçando a legitimidade da votação.

As centenas de acusações podem adiar o anúncio final dos resultados, que não pode ser feito até que as denúncias tenham sido investigadas. Espera-se que os resultados sejam revelados apenas em meados de setembro. O atraso pode criar um vácuo de poder no país e o volume de acusações pode alimentar a violência se os eleitores sentirem que foram enganados.

Neste domingo, uma autoridade eleitoral foi atacada no sul do país quando homens em motocicletas atiraram nele em frente a sua casa em Kandahar, de acordo com Mohammad Samimi, porta-voz da comissão eleitoral provincial. A autoridade está internada em um hospital militar. Até agora, os resultados parciais das eleições mostram o presidente Hamid Karzai na liderança, com 46,2% dos votos, enquanto o candidato opositor Abdullah Abdullah tem 31,4%. Karzai precisa atingir 50% dos votos para evitar um novo confronto com Abdullah.

A popularidade de Karzai tem diminuído nos últimos anos por causa de suspeitas de corrupção e do aumento da violência. O atual presidente também vem sendo criticado por convocar ex-comandantes militares a ganharem os votos que eles controlam.

EUA vacilam na condenação

Ao contráro do que fez quando houve suspeitas de fraude –até hoje não confirmadas– nas eleições presidenciais do Irã, desta vez a Casa Branca condenou de forma tímida as fraudes nas eleições afegãs de dia 20. "É importante que o resultado das eleições reflita a vontade do povo afegão", afirmou Michael Hammer, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

A declaração foi feita depois de surgirem notícias sobre um encontro entre o presidente afegão, Hamid Karzai, até então aliado dos EUA, e o enviado dos EUA para a região, Richard Holbrooke que foi "explosivo", segundo a BBC. De acordo com o relato da BBC, Holbrooke manifestou preocupação sobre as alegações de fraude e de compra de votos e terá sugerido a realização de um segundo turno das eleições, para dar mais credibilidade ao processo eleitoral. O encontro entre o enviado americano e Karzai realizou-se em 21 de Agosto, um dia após as eleições e foi descrito como um "dramático rompimento". Karzai teria reagido com irritação e terminou o encontro logo em seguida.

"Continuaremos a apoiar as autoridades afegãs na sua aplicação de medidas anti-fraude, que devem permitir preservar a integridade do processo eleitoral e assegurar que os resultados são credíveis", disse também Michael Hammer.

No total, já foram apresentadas 790 queixas às autoridades, muitas dos rivais de Karzai, nomeadamente de Abdullah Abdullah, que os resultados iniciais apontam como o segundo candidato mais votado. Mas também de Ashraf Ghani, antigo ministro das Finanças, que trabalhou durante uma década no Banco Mundial.

As acusações de fraude começaram antes da ida às urnas, com descrições de compra de votos e intimidações. Depois vieram os relatos de milhares de boletins a serem colocados dentro das urnas.

Segundo o candidato Abdullah Abdullah, os relatórios iniciais sobre as eleições são alarmantes, podendo ter existido "milhares de violações à lei eleitoral em todo o país", sendo estas mais relevantes nas províncias de Kandahar e Ghazni, no Sul do país. Abdullah afirmou que as fraudes põem em causa a legitimidade do escrutínio.

No próprio dia 20, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apressara-se a dizer que as eleições afegãs pareciam ter sido um sucesso, mesmo com o que ele chamou de esforços dos Taliban para impedir a disputa.

As informações são da Associated Press.