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Vitória da oposição japonesa não deve estreitar relação com China

Os eleitores se manifestaram e o Partido Liberal Democrático (PLD) foi varrido do poder, dando lugar ao Partido Democrático do Japão (PDJ). Mas, agora, essa relativamente jovem organização partidária tem a tarefa de governar um país atormentado por uma grande crise econômica e pela população cuja idade média é a maior do planeta.

De acordo com projeções da mídia japonesa, o PDJ obteve 308 dos 480 assentos da Câmara Baixa do Parlamento do país. O PLD teria obtido 119 cadeiras, invertendo a posição dos partidos na Câmara Baixa.

Em seu discurso à nação, o líder do PDJ Yukio Hatoyama disse que deseja construir "uma sociedade que dê importância à vida de cada indivíduo e de todos os japoneses, uma sociedade na qual as pessoas reconheçam a felicidade dos outros como se fosse sua".

Shi Yongmin, pesquisador do Instituto de Estudos Internacionais da China, disse que a eleição da oposição significa uma nova imagem do país perante os colegas asiáticos.

"A mudança de poder pode trazer alguma esperança para o Japão para mudar seu entendimento do mundo porque o PDJ tem uma vantagem psicológica em não ter que aderir aos preceitos dos antecessores do PLD", disse.

O PLD governava o Japão desde 1955, quando foi fundado, à excepção de um curto período de 11 meses em 1993 e 1994. O PDJ prometeu defender a melhoria das condições sociais e combater as desigualdades entre ricos e pobres.

Yukio Hatoyama, de 62 anos, rompeu em 1993 com o PLD e fundou o PDJ. Hatoyama descende de uma das mais importantes famílias da elite japonesa. É neto de Ichiro Hatoyama, fundador do PLD, e de Sojiro Ishibashi, fundador da indústria de pneus Bridgestone.

Hatoyama defende uma maior independência do Japão em relação aos Estados Unidos, o estreitamento das relações com a China e o reforço da influência do Japão na Ásia.

Relações com China

A política externa do Japão deverá passar por uma série de ajustes quando o PDJ assumir o poder, mas a julgar pela opinião de Zhu Jianrong, mestre em Ciências Humanas na Universidade Toyo Gakuen, a tendência geral das relações bilaterais não vão mudar.

"No que se refere à economia e ao comércio, China e Japão são alguns dos sócios mais próximos que existem no planeta e necessitam um ao outro", disse Zhu.

No contexto da crise do capitalismo, que atingiu de forma brutal a economia japonesa, o pacote de estímulo fiscal de 4 trilhões de iuanes oferecido pelo governo chinês deu forte empuxo à demanda interna da China e expandiu suas importações. E essa decisão beneficiou o Japão, de acordo com Zhu.

"Nos círculos econômicos do Japão se reconhece que o recente despontar da economia do país se deve a suas exportações para a China", assinalou, acrescentando que o Japão se deu conta de que é economicamente dependente da China e que lhe interessa estreitar ainda mais os vínculos comerciais com o país continental.

"Sabendo que este ponto de vista é dominante na sociedade japonesa, acredito que a situação geral das relações entre a China e o Japão não sofrerá mudanças, opinou o mestre.

"Basicamente, as relações bilaterais giram em torno do desenvolvimento da China", apontou Zhu.

Da redação, com agências