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Anistia Internacional apela pelo fim do bloqueio a Cuba

Num gesto inédito, após décadas de críticas permanentes a supostas infrações nos direitos humanos em Cuba, a organização Anistia Internacional (AI) fez um apelo ao governo dos Estados Unidos para que levante o bloqueio à ilha, que perdura há quase 50 anos, argumentando que contribui à degradação da saúde pública.

O apelo, feito quinta-feira (3), coincide com o momento em que um dos mecanismos mais importantes que formam o bloqueio, a Ata de Comércio com o Inimigo, está a ponto de caducar.

Isso acontecerá se o presidente Barack Obama não o renovar até 14 de setembro, tal como fizeram anualmente todos os antecessores. Isso tem sido pedido por diversos setores políticos e governos latino-americanos. Se o fizer, o presidente abrirá uma pequena porta no bloqueio.

O bloqueio atualmente é composto por dois mecanismos: a ata em questão e a lei Helms-Burton, aprovada em 1996, que proíbem os estadunidenses de gastar dinheiro em Cuba, o que torna impossível que possam viajar para lá, assim como o estabelecimento de comércio bilateral sem restrições. Desde o ano 2000, Havana pode comprar produtos agrícolas aos Estados Unidos, mas o pagamento tem de ser feito antes dos embarques e sem crédito.

"Este é o momento perfeito para que o presidente Obama se distancie de todas as políticas fracassadas do passado e envie uma mensagem firme ao congresso sobre a necessidade de acabar com o bloqueio", comentou Irene Khan, secretária geral da AI, num comunicado. "O bloqueio é imoral e não permite que milhões de cubanos se beneficiem de medicamentos vitais para sua saúde”, afirma.

Na quinta-feira, o Departamento do Tesouro efetivou o levantamento total das restrições de envios de remessas e viagens para os cubano-americanos, que Obama tinha anunciado em abril.

Segundo a AI, citando dados da Unicef, pelo menos 37,3% das crianças cubanas com idade inferior a três anos padeciam de anemia por falta de ferro em 2007. Além disso, “o embargo comercial está impedindo a renovação e melhoramentos dos hospitais”, acrescentou a nota.

Em Havana, o site Cubadebate.cu denominou esta tarde o fim das restrições como mais um verniz cosmético. "Estas novas regras, que no fundo regulam que tipo de presentinhos e que quantidade de dinheiro se pode enviar ou gastar são apenas uma pequena camada de verniz cosmético sobre as brutais sanções que o bloqueio impõe a Cuba", afirmou o site.

Com agências