Cavalhada ecológica homenageará Patativa do Assaré

No ano do centenário do poeta Patativa do Assaré, a Festa da Padroeira promoverá homenagem especial

Casa do Patativa do Assaré

A Festa da Padroeira de Assaré, Nossa Senhora das Dores, será aberta, no próximo domingo, dia 6, com uma cavalhada ecológica como parte das homenagens que serão prestadas ao poeta Patativa do Assaré no ano do seu centenário de nascimento. Os cavaleiros sairão da Praça da Matriz para a Serra de Santana, às 5 horas da manhã, tendo à frente o vigário da Paróquia, padre Vileci Vidal, o juiz José Flávio de Morais, o promotor Leonardo Gurgel e o prefeito Evanderto Almeida.

No percurso de 18 quilômetros, serão feitas paradas para reflexões e encenações sobre o poeta que foi um católico praticante. Uma das paradas ocorre na "Bonita", um povoado, ao lado de uma lagoa, onde Patativa realizava suas cantorias. Ali, os cavaleiros se juntarão a outros grupos dos sítios vizinhos. Ao longo da caminhada, os alunos das escolas que ficam na margem da estrada farão encenações sobre o poeta. A idéia, segundo o vigário, é percorrer o mesmo trajeto feito por Patativa nas suas caminhadas da Serra de Santana para Assaré.

Floresta de sabiás

Na subida para a serra, os cavaleiros passarão por dentro de uma floresta natural de sabiás que foi conservada. A idéia do vigário é dar um sentido ecológico ao evento, mostrando a necessidade de preservar o ecossistema. A exuberância da paisagem, segundo o vigário, deve sensibilizar os cavaleiros a uma reflexão sobre a lógica do mero consumo, de exploração do solo e incentivá-los a promover formas de produção agrícola e industrial que respeitem a ordem da criação e satisfaçam as necessidades primárias de todos.

A cavalhada termina na Serra de Santana com a celebração de uma missa na casa onde nasceu Patativa. No final, haverá uma partilha de alimentos com pessoas carentes.

"Com este evento, a Igreja Católica cumpre a sua missão evangelizadora, tendo como tema a poesia profética de Patativa do Assaré, homenageia o poeta no ano do seu centenário e desperta a comunidade rural para a prática de uma correta convivência com o meio ambiente", justifica o padre Vileci.

Origem cristã

A cavalhada, segundo o religioso, tem origem cristã. Representa a luta entre mouros e cristãos, que é encenada nos folguedos populares. São 12 cavaleiros mouros e 12 cavaleiros cristãos. No final da longa batalha, vencem os cristãos que ainda conseguem converter os mouros ao cristianismo. Trata-se de uma tradição praticada em várias regiões do Brasil, porém com diferenças marcantes de uma região para outra.

A prática da tradição remonta aos torneios medievais, dos quais tem, entre outras reminiscências, o uso de fitas como prêmio, que são oferecidas pelo ganhador a uma mulher ou outra pessoa que deseje homenagear especialmente.

Em Portugal, teve feição cívico-religiosa, envolvendo temas do período da Reconquista. Sua difusão no Brasil, registrada desde o século XVII, partiu do Nordeste e espalhou-se pelas demais regiões do País.

Em 1641, quando da aclamação de D. João IV, foram promovidas várias cavalhadas como parte dos festejos oficiais. É ainda um folguedo vivo em vários pontos do Brasil, como Alagoas, Minas Gerais e Goiás. Em Pirenópolis (GO), a cavalhada é realizada durante a Festa do Divino e representa o auto de cristãos e mouros.

Esta é a primeira vez em que o município do Assaré relaciona a Festa da Padroeira ao seu poeta maior, que produziu uma obra marcadamente ambiental, destacando a fauna e a flora do sertão nordestino.

Fonte: Diário do Nordeste