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Filme mostra terror anticomunista em Taiwan

Um filme muito aplaudido na Mostra de Cinema de Veneza foi Lei Wangzi (Prince of Tears), do chinês Yonfan, que também integra a competição oficial. Versa sobre a situação política em Taiwan, durante os anos 50, na época conhecida como período do Terror Branco, quando aquele território, separado da China socialista, pressionava e perseguia, torturando e assassinando com violência quem fosse suspeito de ter tendências ou ser amigo de comunistas.

Durante esta campanha anticomunista, e numa tarde de outono, duas irmãs regressam da escola, e não encontram os pais em casa. Tinham sido presos pelo governo, acusados de simpatias comunistas. O pai é então condenado à morte. A mãe, por outro lado, regressa a casa passados alguns meses, casando com um amigo de infância do marido, que o tinha denunciado. Esta é uma história real, baseada nos relatos de pessoas que continuam a viver em Taiwan, apesar de terem mudado de nome. O autor conheceu-os e todo este envolvimento fê-lo recordar a sua própria infância.

No filme, o realizador diz que três mil pessoas foram condenadas à morte, e oito mil terão sido presas. Durante muitos anos este tema foi encarado como tabu, mas hoje já o não é, apesar de muitos produtores preferirem não o transpor para o cinema.

Guerra. Suicídio. Pedofilia. Amor. São estes os temas que têm dominado os primeiros dias da Mostra de Cinema de Veneza, com filmes europeus, norte-americanos ou asiáticos na competição. Também o novo filme de Werner Herzog, Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, aposta em ingredientes fortes. Este filme, com Eva Mendes e Nicolas Cage nos papéis principais, foi dos mais bem recebidos até aqui.

Conta a história de Terence McDonagh (Cage), um polícia de Nova Orleans, promovido a tenente depois de salvar um prisioneiro que estava prestes a afogar-se nas horas que se seguiram ao furacão Katrina, responsável pela destruição de metade do estado norte-americano do Louisiana. Quando o filme começa, porém, não passa de um agente corrupto e viciado em analgésicos , que se apaixona por uma prostituta.

“Inicialmente, ação do filme deveria decorrer em Los Angeles, mas achei que era melhor optar pela capital do jazz. Hoje não defendo o uso de drogas, mas ao fazer este filme recordei a minha juventude, quando fumava haxixe”, comentou o realizador durante a conferência de imprensa, em Veneza. “Escolhi Nicolas Cage, porque somos da mesma geração e temos a mesma atitude” , acrescentou. “Ele foi extremamente natural nas cenas com drogas. Foi como navegar nas memórias passadas”, descreveu.

“Houve um entendimento imediato entre nós os dois e Eva Mendes”, explicou por seu lado Nicolas Cage. “Achámos estranho que até hoje não tivéssemos feito nenhum filme juntos”.

Fonte: blog O Outro Lado da Notícia