Nassif: Caso do italiano preso no CE é linchamento midiático
É possível que apareça alguma testemunha-chave que prove que o italiano é, de fato, um pedófilo. De minha parte, duvido. Vamos a algumas matérias sobre o tema, publicadas hoje pela mídia, para identificar a fragilidade do que se tem até agora. E mostrar, didaticamente, os recursos da mídia para esquentar um clima de linchamento.
Publicado 07/09/2009 20:22
O que se observa, na matéria abaixo, é o mesmo estoque de recursos primários – mas eficientes para uma opinião pública desarmada – usado em tantos outros linchamentos.
Clique aqui para matéria de O Globo, baseada em outra da Agência Brasil.
O que tem de objetivo a matéria:
A segunda “contradição” seria a declaração da esposa de que pai e filha mal falam o português:
Depoimento do gerente da barraca:
Na Itália eu também me comunico muito bem no campo da gastronomia.
A terceira “contradição” também não existe, mas serve para mostrar a possível motivação dos delatores:
E continua o jogo de ilações, sem nenhuma evidência adicional:
E se eu souber que o gerente praticou pedofilia com filhas de hóspedes, ele será preso. Qual o valor dessa bobagem dita pelo sujeito, certamente provocado pelo repórter?
Essa maluquice é completada com uma declaração de uma delegada:
Tudo continua girando exclusivamente em cima das declarações das duas testemunhas. Cadê as várias pessoas incomodadas? Até agora, apenas na cabeça dos delatores.
Todas as testemunhas adicionais ouvidas – pela reportagem da TV Globo – negaram ter presenciado qualquer ato libidinoso.
Está seguindo a mesma lógica de outras acusações falsas.
No primeiro dia, sai a acusação bombástica, sem muitos elementos. A gente lê e diz, para ser bombástica assim, deve haver elementos, só que não deu tempo de publicar.
No segundo dia, alguns elementos de que o italiano pode estar sendo vítima de armação, nos depoimentos de funcionários da barraca ouvidos pela Globo.
No terceiro dia, como em todo bom processo de linchamnento, os funcionários desaparecem da cobertura. Ouve-se um gerente que nada sabe sobre o assunto, e só fala sobre hipóteses, e uma delegada que se baseia exclusivamente no depoimento dos dois delatores. Nenhum elemento a mais.
Repito: podem aparecer evidências maiores contra o italiano? Poder, pode. Mas nunca vi um caso em que chegando-se ao terceiro dia sem nenhuma evidência, vá se conseguir alguma depois. A não ser pelo clima de linchamento que induz pessoas como o gerente a atender ao clamor da malta.
Fonte: Blog do Nassif