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Serra culpa a natureza pelos transtornos causados pelas chuvas

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), culpou a natureza pelo caos ocorrido em São Paulo na terça-feira em decorrência das chuvas. "É culpa da natureza que se rebela. Temos que rezar para que isso não se repita", disse o governador em entrevista nesta quarta-feira (9).

Citando reportagem publicada na Folha de S. Paulo, Serra afirmou que as enchentes e os alagamentos são "efeitos negativos inevitáveis das 24 horas em que mais choveram desde 1963" em uma cidade de solo bastante impermeabilizado.

Sobre as obras de ampliação da marginal Tietê, o governador afirmou que não acha que elas tenham tido influência no transbordamento do rio, ocorrido ontem. "As obras não tiram 1m2 de permeabilidade do solo. Todas as árvores que foram retirada dali [dos canteiros da marginal para a construção de novas faixas] foram plantadas em outro local, inclusive em maior número", disse.

O governador disse ainda que sua gestão é a que mais investe em transporte de trilhos, que é a "mais permeabilizadora das opções de transporte". Serra afirmou ainda que obras novas, como o Rodoanel, são "impecáveis" no aspecto ambiental. "Não há governo com mais preocupação ambientalista que o nosso", exagerou.

Ontem, a chuva que atingiu o Estado causou três mortes, sendo duas na cidade de São Paulo. Em Osasco (Grande São Paulo) três crianças morreram após um deslizamento de terra. O aeroporto de Congonhas ficou fechado e o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) deixou a cidade em estado de atenção por 13 horas.

Em seu site Conversa Afiada, o jornalista Paulo Henrique Amorim comenta com ironia a postura do governador tucano: "O Governador de São Paulo tomou uma única atitude no dia de ontem (terça-feira): cancelou uma entrevista coletiva, por causa do mau tempo. (…) A coletiva não era para falar da crise em que a cidade se abatia. A coletiva era para falar do combate ao fumo, a única coisa que ele imagina possa ser sua bandeira de candidato a Presidente … Serra foge. Esse é um traço da sua personalidade de homem público. Quando a porca torce o rabo, ele desaparece. Até hoje, três anos depois, ele foi incapaz de dar ao povo de São Paulo uma única declaração sobre o que aconteceu e que providências tomou depois do rompimento da cratera do metrô. Ao contrário: preservou as empreiteiras e ampliou a participação delas no chamado “Robanel dos Tunganos”. Zé Pedágio é o George Bush. Quando houve o Katrina, Bush se trancou na Casa Branca diante da televisão, por causa de um jogo de futebol muito importante. Foi aparecer dias depois, quando os mortos boiavam nas ruas. A tragédia do Katrina foi em Nova Orleans, onde moram muitos negros e pobres. A enchente de São Paulo também é assim: quem morre são os pobres. Por isso, Serra foge. Como Bush".

Da redação,
com agências