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José Dirceu: pesquisa mostra candidatura Dilma consolidada

A mais recente pesquisa CNT/Sensus, publicada nos jornais hoje, nos oferece uma ótima oportunidade para uma série de medidas com relação ao governo, ao PT e à pré-candidatura presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Avaliada a pesquisa constatamos que a candidatura Dilma Rousseff está consolidada.

por José Dirceu
em seu blog

Ela tem entre 1/4 e 1/5 dos votos do país; não tem rejeição que a inviabilize; tem margem para crescer em função do desconhecimento de sua candidatura por parte, ainda, de quase 20% do eleitorado, e pelo poder de transferência de votos do presidente Lula; e deve empatar com o candidato tucano ou mesmo ultrapassá-lo.

Como, aliás, já acontece quando o concorrente do PSDB é o governador de Minas, Aécio Neves. Fora o fato de que há 1/3 a 1/4 do eleitorado ainda indeciso no país. A aprovação dos brasileiros ao presidente Lula e ao seu governo e a capacidade de transferência de votos do chefe do governo, também, constituem dois outros pontos básicos para o crescimento de Dilma Rousseff.

Inclusive porque até mesmo a pequena queda no apoio ao presidente e ao governo pode estar dentro da margem de erro da pesquisa. Mas, ainda que consideremos essa queda, é importante analisar esses e outros números tais como: 20,8% votariam no candidato a Presidente da República apoiado por Lula; 31,4% poderiam votar; 20,2% não votariam; e 24,6% respondem que somente conhecendo o candidato poderiam decidir.

Mais visibilidade à candidata

A CNT/Sensus indica que não há porque falar-se em "Plano B", e muito menos deduzir das pesquisas que o ex-ministro da Fazenda, deputado Antonio Palocci (PT-SP) seria uma alternativa, descartada a candidatura Dilma.

Até porque essa hipótese, simplesmente nunca existiu. O que precisamos – e essa é a principal motivação que a pesquisa CNT/Sensus deve nos trazer – é dar mais visibilidade à pré-candidata Dilma Rousseff.

Precisamos mudar sua agenda e mobilizar o PT e os que nos apóiam para a (agenda) que interessa ao país, que é o pré-sal e nosso desenvolvimento. A própria pesquisa nos informa que nesses pontos, residem a força de Lula e do PT; a aprovação popular às políticas do governo para enfrentar a crise e retomar o crescimento; e a crença de que o retomamos de fato, e ainda mais fortes.

Lendo os dados da pesquisa, verificamos que a maioria dos brasileiros, nada menos que 52% do país acreditam que voltamos a crescer; 59,4% consideram que de forma ainda mais sólida; e 48,8% julgam que o governo agiu corretamente no enfrentamento da crise.

Conclusões mais óbvias quanto à popularidade do presidente e o apoio ao seu governo, impossível.

Saúde, a necessidade de uma nova agenda

Mesmo na questão da saúde – uma área apontada pela pesquisa como uma das possíveis causadoras da pequena queda na aprovação de Lula e do governo – o que podemos concluir é que o Ministério da Saúde necessita, no mínimo, de uma nova agenda e uma resposta mais precisa às demandas da sociedade.

O levantamento junto à opinião pública mostra a necessidade dessa nova agenda, mesmo levando-se em conta a tentativa da mídia de criar uma agenda Serra da Saude; e o processo de instituição da CSS – Contribuição Social para a Saúde, em tramitação no Congresso Nacional.

Cabe ao PT e ao governo expor à sociedade o porquê de sua criação, e o mais importante, quem vai pagar a nova contribuição que, como a CPMF, será paga por uma minoria da sociedade – lembrem-se, 95% dos brasileiros estavam isentos de pagamento da CPMF.

Nessa batalha, temos que mostrar ser indispensável a criação da CSS se o Congresso Nacional aprovar a Emenda 29, que aumenta os inestimentos para a saúde. O que não pode acontecer, principalmente num momento de crise, é a oposição extinguir a CPMF (como o fez irresponsavelmente, via Congresso, na virada de 2007/2008) e agora aumentar os gastos do setor sem criar uma nova receita, a CSS.

Assim, a batalha do pré-sal e a luta pela aprovação da CSS têm que ir para as ruas e para os meios de comunicação. Para tanto o governo, bem como o PT, todos os partidos que o apoiam, e os movimentos sociais, tem que fazer a sua parte.

Concentrar-se na disputa política

De uma leitura final da pesquisa CNT/Sensus, a conclusão que podemos tirar é que para ganharmos – e temos condições de sobra para isso – as batalhas em curso e as que virão, principalmente a eleitoral de 2010, o PT tem que sair de sua agenda interna.

Tem que sair da concentração maior nessa agenda, de eleições das novas direções (por mais necessária que seja), para se concentrar na disputa política e na montagem das alianças. O governo – não somente o presidente da República – como um todo, e o PT tem que mobilizar a base aliada e partir para a disputa política.

Precisam enfrentar a oposição e a mídia engajadas na campanha contra o pré-sal e na criação de crises anunciadas, seja de factóides tipo o caso Lina Vieira (ex-secretária da Receita Federal), seja a exploração de crises reais como foi a do Senado.

A eleição não se resolve ou se resume a pesquisas – importantes quando não são manipuladas. Resolve-se na disputa e na ação política de governo e dos partidos que o sustentam e formam a coalizão que o apoia.

Daí a necessidade de consolidar as alianças nacional e Estado a Estado com vistas à eleição do ano que vem. E de mudar o que tem que ser mudado, no governo e na política do PT, para travar essa disputa política fundamental, e dar ao presidente Lula e à nossa pré-candidata Dilma Rousseff o apoio que necessitam nesse momento.

Fonte: Blog do Dirceu