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Lula: medidas certas resultaram em crescimento de 1,9% do PIB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o desempenho da economia brasileira um ano depois do aprofundamento da crise financeira global, dizendo que o governo tomou as medidas no momento certo para evitar que o país sofresse como o restante do mundo.

Entre todos os países que estavam em recessão no mundo, nenhum apresentou uma recuperação tão forte quanto o Brasil no segundo trimestre. "Esse país realmente estava mais preparado que todo o mundo desenvolvido para enfrentar a crise econômica, mais do que toda a Europa e mais do que os Estados Unidos", disse Lula em evento em Pernambuco.

A economia cresceu 1,9% sobre o primeiro trimestre. Na comparação com economias locomotivas do mundo, o Brasil entrou bem depois na recessão. Nos Estados Unidos, dono do maior PIB global, a recessão teve início oficialmente em dezembro de 2007 e não se sabe quando será declarada encerrada, apesar de previsões otimistas de algumas autoridades norte-americanas.

Em segundo lugar no ranking das economias globais, o Japão voltou ao crescimento no segundo trimestre depois de cinco trimestres seguidos de declínio, após o governo injetar o equivalente a 4% do PIB para estimular a economia. Na Europa, Alemanha, França, Portugal e Suécia também deixaram a recessão no segundo trimestre, enquanto Reino Unido e Itália permaneciam com suas economias em retração.

Contração

Dentro dos Brics, no entanto, na comparação ano a ano, somente a Rússia tem desempenho econômico pior do que o Brasil, enquanto a China mais uma vez aparece como a economia com ritmo mais pujante, seguida pela Índia. Mas a tendência da economia brasileira está em linha com a chinesa e a indiana — que não haviam entrado em recessão —, com o PIB mostrando melhora das atividades do primeiro para o segundo trimestre deste ano.

Na Rússia, entretanto, a desaceleração econômica, ao contrário da brasileira, se acentuou. A economia chinesa mostrou crescimento de 7,9% no segundo trimestre em comparação ao mesmo intervalo do ano passado, uma aceleração em relação ao crescimento de 6,1% do primeiro trimestre.

Já a Índia cresceu 6,1% no período entre abril e junho deste ano, também em relação ao mesmo período do ano passado, uma melhora em relação ao crescimento de 5,8%, em base anual, do primeiro trimestre. O PIB russo despencou 10,9% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado, acentuando a contração do primeiro trimestre, que havia sido de 9,8%.

Mercado interno

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, viu o resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre como positivo e disse que o crescimento de julho a setembro será ainda mais forte, mas que os investimentros só irão se recuperar no fim do ano. Ele lembrou que os cortes passados dos juros ainda vão estimular a economia. O ministro reafirmou o prognóstico de expansão em 2009 como um todo de 1%, número mais otimista que o do mercado.

Mantega destacou que a grande força puxando o crescimento vem do mercado interno e que as políticas fiscal e monetária ajudaram o Brasil a sair da crise. Ele disse ainda que os investimentos, que ficaram estáveis na compração trimestral e tiveram queda recorde sobre o segundo trimestre de 2008, vão se recuperar apenas no quarto trimestre.

Segundo ele, o crédito ainda está abaixo dos níveis de 2008, mas há uma reconstituição em níveis satisfatórios. Mantega estima para o terceiro trimestre um avanço entre 2 e 3 por cento sobre abril a junho e lembrou que os cortes passados do juro ainda vão estimular a economia.

Previsão

O ministro do Desenvolvimento, Industrial e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, disse que o crescimento de 1,9% do PIB no segundo trimestre já era um resultado esperado e que comprova a melhora consistente e sistemática da economia brasileira nos últimos meses. "Nós esperávamos realmente um crescimento. Isso comprova o acerto das medidas que o governo tem adotado desde o início da crise no ano passado", disse ele.

Para o ministro, a divulgação de um resultado positivo do PIB do segundo trimestre em setembro, mês que marcou o início do auge da crise, com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, no ano passado, é simbólica. "Comemoramos no mês o símbolo da volta efetiva do crescimento do país", afirmou.

Miguel Jorge disse que sua expectativa para o crescimento do PIB para este ano é de alta de 1%. "Mas o mais importante é a tendência de crescimento a partir deste trimestre. Não só para o segundo semestre inteiro, como para o ano que vem", declarou.
Para 2010, o ministro não fez uma previsão. "Eu gostaria de falar que é uma previsão, mas é um desejo de que fosse um crescimento de 5%".

Com agências