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Guerra do Paraguai: Rendição é fim da primeira etapa da guerra

Há 144 anos, soldados paraguaios alojados em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, acordaram em situação adversa. No decorrer do dia, a tropa comandada pelo tenente-coronel Antonio de la Cruz Estigarribia, encurralada, pediria a rendição.

Ao redor da cidade cercada, estavam os presidentes Bartolomé Mitre, da Argentina, Venancio Flores, do Uruguai, e o imperador Dom Pedro II, que havia chegado poucos dias antes especialmente para a ocasião.

A rendição foi resultado direto da derrota na Batalha do Riachuelo, sofrida pelo Paraguai meses antes. A vitória naval da Tríplice Aliança no episódio mudou o rumo da guerra: impediu a tentativa de invasão da região argentina, destruiu o poderio naval do Paraguai e cortou a comunicação com Estigarribia, que atacava o sul brasileiro.

Após a derrota, uma dramática mudança de estratégia de batalha foi adotada pelo Paraguai. A tropa do país foi obrigada a lutar em defensiva – ao contrário do que tinha feito até então.

A rendição paraguaia marcou o fim da primeira etapa da Guerra do Paraguai, que teria fim cinco anos depois.

Carlos Vidigal, professor do departamento de História da UnB (Universidade de Brasília), explicou que a rendição poderia ter colocado fim à guerra, mas que esta se estendeu durante tanto tempo “por causa da exigência do Brasil de, literalmente, ter a cabeça de Francisco Solano López [presidente paraguaio que incitou a guerra em busca de aumentar o território do país e obter uma saída para o Oceano Atlântico, através dos rios da Bacia do Prata]”.

A partir de então, sob o comando de Mitre, as últimas invasões paraguaias em solo argentino foram detidas. No final daquele ano, contando com mais de 50 mil homens, os exércitos da Tríplice Fronteira se preparavam para uma ofensiva em solo uruguaio. A situação havia se revertido.

A Guerra do Paraguai durou aproximadamente seis anos e ficou conhecida como o maior conflito armado da América do Sul, envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Vidigal explicou que a guerra foi um “divisor de águas” no processo de consolidação dos estados nacionais da região, que tinham conquistado a independência recentemente.

Segundo o professor, Brasil e Argentina puderam consolidar seus estados, enquanto o Uruguai não teve tanta participação e o Paraguai sofreu consequências econômicas graves. O país nunca mais foi o mesmo.

Fonte: Opera Mundi