Sem categoria

Pobreza nos EUA atinge maior nível em 11 anos

A pobreza nos Estados Unidos subiu para 13,2% em 2008, de 12,5% em 2007. É o patamar mais elevado de pobreza desde 1997. O aumento veio com os milhões de postos de trabalho perdidos no primeiro ano da pior crise econômica desde a Grande Depressão. A renda familiar média também atingiu o nível mais baixo desde 1997, e o número de pessoas sem seguro-saúde aumentou. Os dados foram apresentados pela Pesquisa Populacional do Birô de Censo, publicada na última quinta-feira.

Em 2008, 39,8 milhões de pessoas viviam em estado de pobreza. Eram 37,3 milhões em 2007. O governo define pobreza pela referência de uma família de quatro membros com renda anual de menos de $22.025. Por essa medida, a taxa de pobreza para crianças com menos de 18 anos aumentou de 18% em 2007 para 19% em 2009. Havia 14,4 milhões de crianças vivendo na pobreza em 2008. A taxa de pobreza familiar aumentou para 10,3% em 2008, com 8,1 milhões de famílias na pobreza. Como o nível oficial de pobreza do governo é absurdamente baixo, esses números subestimam drasticamente o quadro verdadeiro.

O meio-oeste e oeste dos EUA mostraram aumentos tanto na taxa de pobreza quanto no número de pessoas vivendo em estado de pobreza. O meio-oeste, fortemente atingido pela perda de empregos na manufatura, viu um aumento na taxa de pobreza para 12,4% em 2008, de 11,1% em 2007, equivalente a um aumento de 900.000 no número de pessoas vivendo em estado de pobreza. A taxa de pobreza no oeste, impulsionada pelo colapso da bolha imobiliária, subiu de 12% para 13,5%, o equivale a mais de 1,2 milhões de pessoas vivendo em estado de pobreza.

A taxa de pobreza entre os brancos subiu para 8,6%, de 8,2% em 2007. A pobreza entre hispânicos foi para 23,2%, de 21,5% em 2007. A pobreza entre afro-americanos permaneceu inalterada em 24,7%. De acordo com o relatório, 31% dos americanos caíram na pobreza por ao menos dois meses entre 2004 e 2007. Em 2008, 17,1 milhões de pessoas possuíam renda abaixo da metade do nível oficial de pobreza, vivendo, em outras palavras, em situação de pobreza extrema. Desse número, 36,8% eram crianças.

De acordo com o relatório, a renda familiar média caiu 3,6% entre 2007 e 2008. A queda na renda média foi o maior declínio anual desde 1991. Dada a correção inflacionária, isso significa que a renda média está abaixo do nível de 1998. Essa é a primeira vez, nos 40 anos em que o Birô de Censo tem registrado a renda familiar, que houve um período de 10 anos sem aumentos na renda média. Muito provavelmente esse é o maior declínio do tipo desde a Depressão da década de 1930, já que os anos de 1940 e 1950 de um modo geral viram aumentos na renda média.

A maior queda na renda, 5,4%, ocorreu entre trabalhadores assalariados da faixa etária de 45-54 anos. O segundo maior declínio, 3,9%, atingiu trabalhadores na faixa etária de 55-64 anos.

Se a porcentagem de pessoas sem seguro hospitalar permaneceu inalterada em 2008, o número de não-segurados aumentou para 46,3 milhões, de 45,7 milhões em 2008. Entre crianças menores de 18 anos, 15,9% não possuíam seguro-saúde. O número de pessoas cobertas por seguros-saúde fornecidos pelo local de trabalho caiu de 177,4 milhões para 176,3 milhões, refletindo o impacto das perdas de empregos e da ação dos empregadores em deixar de fornecer a cobertura hospitalar para os empregados. Pelo oitavo ano seguido, 2008 viu uma queda na porcentagem de pessoas cobertas por seguro-saúde fornecido pelo local de trabalho.

O número de cobertos por seguro-saúde governamental subiu de 83 milhões para 87,4 milhões, conforme um número de Estados expandiu o programa Medicaid e a cobertura hospitalar para crianças.

O Texas tem a maior taxa de não-segurados, impressionantes 25%, de 24,1% em 2007. O Novo México vem em segundo com uma taxa de não-segurados de 23%. A Califórnia tem o maior número de não-segurados, com 6,7 milhões de pessoas sem cobertura hospitalar.

Esses números apresentam um reflexo pálido da situação atual, já que não refletem o impacto das contínuas demissões em massa e cortes nos serviços sociais. Com base nas perdas continuadas de postos de trabalho, o número real de não-segurados está provavelmente perto de 50 milhões, número utilizado pelo Escritório Orçamentário do Congresso.

A taxa oficial de desemprego em agosto foi de 9,7%. Cerca de 7 milhões de pessoas perderam seus empregos desde o começo da recessão. Foram 3,8 milhões apenas neste ano, e o número está crescendo.

Um economista do Instituto de Políticas Econômicas disse a Reuters que de acordo com sua estimativa "um quarto de todas as crianças deste país viverá na pobreza" ao final deste ano.

Um relatório público emitido pela Associação de Saúde Pública dos EUA declara, "Assustadoramente, o número de não-segurados vindo do Birô de Censo dos EUA representa apenas a ponta do problema," completando, "Há mais 25 milhões de sub-segurados que também recebem acesso inadequado ao auxílio hospitalar e correm o risco de acabarem do mesmo modo que aqueles que não têm qualquer cobertura."

A renda média corrigida de acordo com a inflação foi de US$50.303 em 2008, queda de 3,6% em relação aos US$52.163 de 2007. Sheldon Danziger do Centro de Estudos Populacionais da Universidade de Michigan disse que espera um declínio de mais 5% em 2009. Se esse for de fato o caso, a renda média atingiria seu menor nível desde ao menos 1995.

O aumento do número de pessoas vivendo em estado de pobreza, junto com a renda em declínio da vasta maioria, fazem contraste com o aumento sustentado da renda dos 1% mais ricos. Pagamentos aos banqueiros de Wall Street e aos financistas devem atingir novas alturas em 2009. Os números do Birô de Censo fornecem mais uma indicação das enormes tensões sociais que se acumulam nos Estados Unidos.

Com agências