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Operação Boi Pirata II já embargou área maior que Recife

Desde o seu início, há 80 dias, a Operação Boi Pirata II já embargou cerca de 35 mil hectares de terras, uma área superior à cidade de Recife, desmatadas ilegalmente na região de Novo Progresso, no sudoeste do Pará. Até agora, a maior parte das áreas embargadas faz parte de fazendas que praticavam a pecuária irregularmente dentro da Floresta Nacional (Flona) Jamanxim.

Além dos embargos, os fiscais do Ibama emitiram 105 autos deinfração, aplicaram R$ 120 milhões em multas e notificaram, até o momento, 21 grandes fazendeiros para que retirem cerca de 15 mil cabeças de gado do interior da unidade de conservação.

“A ação do Ibama já é um sucesso. Muitos pecuaristas estão cumprindo as notificações. Cerca de seis mil animais já saíram da Flona, permitindo a regeneração da floresta. Quem não retirar o gado vai ter o rebanho apreendido”, afirma Gustavo Podestá, chefe da Fiscalização do Ibama em Santarém, que assumiu ontem (14/9) a coordenação da operação em Novo Progresso.

Com o apoio da Força Nacional e do Batalhão de Polícia Ambiental, de Belém, a Boi Pirata II manterá a fiscalização contra os desmatamentos na região atuando nos indicativos do sistema de Detecçao em Tempo Real – Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-Inpe, dentro e fora das unidades de conservação. “Vamos verificar ainda se as terras já embargadas foram queimadas para formar pastos. O proprietário que desrespeitou a sanção do Ibama, vai ser autuado mais uma vez, agora pela queimada e por descumprir o embargo”, explica Podestá.

Boi ilegal vai para combate à fome

Há cerca de um mês o Ibama apreendeu animais de um pecuarista na Flona do Jamanxim, que não cumpriu a notificação para retirar o rebanho de dentro da unidade de conservação. O gado já foi avaliado, em mais uma etapa do processo para a doação dos animais ao Programa Fome Zero, do Governo Federal. Foram contabilizados 628 bois e 101 ovelhas em boas condições de saúde, segundo o analista ambiental Valério Machado Duque, médico veterinário, da Coordenação Geral de Fiscalização do Ibama, que vistoriou o plantel.

A Boi Pirata II combate o desmatamento ilegal para a atividade pecuária na Amazônia Legal. A operação Boi Pirata I, realizada em 2008, apreendeu e leiloou 3.146 cabeças de gado ilegal criado na Estação Ecológica (Esec) da Terra do Meio, em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. A operação causou uma redução significativa do desmatamento no mosaico de unidades de conservação da Terra do Meio e resultou na retirada voluntária de cerca de 30 mil cabeças de gado criadas irregularmente dentro das UC.

Na avaliação do coordenador geral de fiscalização do Ibama, Bruno Barbosa, “a operação Boi Pirata influenciou a redução do ritmo do desmatamento em toda a Amazônia Legal, conforme verificado no acumulado do Deter de agosto de 2008 a julho de 2009.”

Armas e máscara de onça-pintada apreendidas

Na sexta-feira (18), os fiscais do Ibama aplicaram mais R$ 282,5 mil em multas durante vistoria aos novos desmatamentos identificados na região de Alvorada da Amazônia, a 40 km de Novo Progresso. Também apreenderam duas motosserras, material ilegal para a pesca, quatro armas, entre elas um revólver calibre 38 com a numeração raspada, e uma máscara feita com parte da pele de uma onça-pintada, desta vez nas imediações da comunidade do Projeto de Assentamento Santa Júlia, a 30 km do município.

“Quem caçou o animal, fez uma peça que choca pela crueldade. Certamente, era usada como troféu”, explicou Gustavo Podestá, chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama em Santarém, que coordena a Boi Pirata II. A máscara foi encontrada presa à parede de um barracão, abandonado antes da chegada dos agentes.

Perto do assentamento, numa propriedade de 1,2 mil hectares, o equivalente a cerca de mil campos de futebol, os fiscais apreenderam duas espingardas calibre 22, geralmente usadas para caça, e notificaram o dono a apresentar os registros e porte das armas, além da autorização para o desmatamento da área. Se o corte da floresta for irregular, ele poderá ser multado em R$ 5 mil por hectare destruído.

O revólver calibre 38 e uma espingarda calibre 20, cano duplo, armas comumente utilizadas para defender terra grilada, foram recolhidas numa fazenda de 232 hectares, também nas proximidades do Santa Júlia. Na sede, o Ibama apreendeu ainda duas motosserras, uma tarrafa de três metros e uma rede com malhas menor que o permitido pela legislação ambiental.

Fonte: Ibama