Filho de líder comunista Anísio Dário visita Tânia Soares

A deputada estadual Tânia Soares (PCdoB-SE), recebeu a visita do metalúrgico aposentado Zacarias Lima Andrade, 66 anos, filho do líder comunista sergipano Anísio Dário de Andrade, assassinado pela polícia em 27 de novembro de 1949, quando tentava fazer uma manifestação contra a atitude do governo Eurico Gaspar Dutra, que cassou o PCB e também os seus parlamentares.

Hoje, 62 anos depois, Anízio Dário – que numa homenagem da então vereadora Tânia Soares empresta seu nome numa avenida do bairro 18 do Forte – é um cidadão que legalmente não existe, pois o governo da época confiscou todos os documentos pessoais, que não foram mais encontrados.

“Estou aqui em Aracaju a negócios e vim ver a deputada Tânia Soares, que prestou homenagem a meu pai”, disse Zacarias Lima, um dos 12 filhos de Anízio Dário. E foi justamente a partir da iniciativa da então vereadora Tânia Soares que a família de Anízio Dário decidiu resgatar sua história e também a documentação, já que para o Estado ele não existe como cidadão. A família, como apoio de Chico Varella, está providenciando toda documentação. “A repressão não deixou nada. Conseguimos provar a existência de Anízio Dário na Comissão de Anistia através dos documentos de três dos seus filhos”, explicou Varella. Os filhos foram: Zacarias, Eurides e Lucinda Lima de Andrade, que moram no Rio de Janeiro.

Em 26 de março de 2008, o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira também homenageou Anízio Dário colocando o seu nome no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, que fica na rua Luiz Carlos Prestes, 99, no bairro Areias. Ao tomar conhecimento da homenagem, através de um neto que fez a descoberta pela internet, Zacarias veio a Aracaju e conheceu, não só o imóvel, mas também o prefeito, que depois o levou a avenida que também leva o nome do seu pai.

Na conversa com o prefeito Edvaldo Nogueira, Zacarias contou detalhes sobre como a família viveu desde que deixou Aracaju, e com os filhos, netos e bisnetos cultuam o nome de Anísio Dário. “Sempre tivemos muito orgulho de nosso pai pelo que ele foi, mas agora ficamos sem palavras para agradecer por esta homenagem, já que à época tentou-se apagá-lo da história. Hoje ele é lembrado e lembra aos jovens que os ideais democráticos continuam vivos e sendo praticados”, afirmou.

O PCB teve o registro cassado no dia 7 de maio de 1947, após uma batalha judicial. No mesmo dia, o Ministério do Trabalho decretou a intervenção em vários sindicatos e fechou a Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil, criada pelo movimento sindical em setembro de 1946 e não reconhecida pelo governo. O PCB apelou para o Juidicário requerendo habeas corpus para o livre funcionamento de suas sedes, mas o pedido foi negado. Sob impacto da cassação, o PCB lançou um manifesto pregando a derrubada de Dutra, considerando o governo “antidemocrático”, de “traição nacional” e “a serviço do imperialismo norte-americano”. E foi justamente nessa manifestação, que os comunistas sergipanos tentaram fazer em Aracaju, que Anísio Dário foi morto pelo governo.