PSB passa a ser peça chave na sucessão paulista
Dois movimentos do PSB devem impactar as articulações políticas para a disputa eleitoral de 2010 em São Paulo. O primeiro deles é a disposição do partido de lançar a candidatura de Ciro Gomes à presidência. O outro é a recente filiação do vereador Gabriel Chalita, que deixou o ninho tucano para se filiar ao PSB. Vale lembrar que o PSB apóia Lula no plano nacional, mas participa da base de sustentação ao governo Serra na Assembléia Legislativa.
Publicado 25/09/2009 18:01
A candidatura presidencial de Ciro interefere na sucessão paulista pois o deputado pelo Ceará era, até pouco tempo, cotado para disputar o governo de São Paulo em aliança com o PT e outros partidos de esquerda.
Com a saída de Ciro da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, o PT lançará candidato próprio, mas ainda não encontrou um nome competitivo e de consenso para a disputa. O que torna a vida dos tucanos um pouco mais fácil, mas desde que o tucanato consiga resolver os problemas internos, que se acumulam.
O governador José Serra não disputará a reeleição para o governo já que tudo indica que ele será o candidato da direita na disputa pelo Planalto. O governador mineiro Aécio Neves poderá ser seu vice. O DEM já disse que aceita a chapa puro-sangue.
Sendo assim, Serra precisa encontrar um nome que garanta a continuidade do governo paulista nas mãos de seu grupo político. O PSDB já governa São Paulo há 16 anos.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) pretende voltar ao Palácio dos Bandeirantes e, por enquanto, lidera as pesquisas eleitorais. Mas Serra resiste a aceitar sua candidatura. Caso perca a eleição para Dilma e Alckmin seja eleito governador, Serra não terá como voltar a dar as cartas em São Paulo. Por isso, Serra trabalha a favor do nome de Aloysio Nunes Ferreira, chefe da casa Civil do governo paulista. Mas Nunes é ruim de voto. Tão ruim que os institutos de pesquisa não o colocam nas sondagens eleitorais para não expô-lo a um vexame. Mesmo assim, Serra pode bater o pé e exigir que o PSDB aceite sua candidatura. Há ainda a possibilidade do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), ser o candidato da situação com a benção de Serra. Em qualquer uma destas hipóteses, Alckmin seria rifado.
É aí que entra o fator Chalita para pertubar os planos de Serra. O escritor de auto-ajuda Gabriel Chalita foi o vereador mais votado de São Paulo nas últimas eleições. Obteve pouco mais de 100 mil votos. Mas não é um político de grande estatura. O que o leva a ser peça chave na disputa de 2010 é que ele é cria de uma outra ala do PSDB, mais precisamente a do ex-governador Alckmin.
Chalita foi secretário de Educação no governo Alckmin e mantém com o ex-governador uma relação de amizade pessoal e proximidade política. Ambos concordam que não devem disputar o mesmo cargo, pois disputariam a mesma faixa do eleitorado (a classe média conservadora). Chalita planeja ser candidato ao Senado, mas se Alckmin for mesmo rifado e não puder disputar o governo de São Paulo, os planos dos dois mudam: Chalita pode então disputar o governo, arrancando um bom naco dos votos do PSDB.
O presidente do Diretório Estadual do PSB de São Paulo, deputado Márcio França, admitiu esta hipótese. "Acho que ele (Chalita) está à altura para disputar qualquer cargo. Estamos discutindo outras hipóteses, como disputar o governo do Estado. Isso se o Alckmin for tirado do páreo", disse França.
Neste caso, Alckmin poderia então pleitear a candidatura ao Senado. Aí reside o outro problema para os planos serristas. Serra já havia prometido para Orestes Quércia uma das vagas de senador na chapa tucana. Se Alckmin entrar na disputa ao Senado, as chances de Quércia se eleger, que já são poucas, praticamente se acabam.
Temendo este cenário, Quércia procurou Serra para convencê-lo a aceitar Alckmin como candidato ao governo. Não está claro de que tipo de retaliação Quércia seria capaz caso seja traído pelo esquema serrista. Assim, crescem as chances de Alckmin ser o candidato à sucessão de Serra. E Chalita então disputaria o Senado, o que também não seria nenhum refresco para Quércia, mas garantiria o apoio formal dos tucanos à sua candidatura.
Por enquanto, nada está decidido. Mas a confusão nas hostes serristas e no ninho demo-tucano é grande. Como foi em 2006, quando Alckmin bateu o pé e tirou Serra da disputa presidencial. E em 2008, quando Alckmin bateu o pé de novo e foi candidato à prefeitura de São Paulo contra a vontade de Serra, que apoiou o prefeito Gilberto Kassab. Nas duas ocasiões, Alckmin perdeu. Como política não é futurologia, nada garante que Alckmin perderá de novo. Desta vez ele tem Chalita na manga para participar da queda de braço com Serra.
Da redação,
Cláudio Gonzalez