Chalita diz que saiu porque PSDB foi preconceituoso
Em entrevista à Folha de S.Paulo deste sábado (26), o vereador vais votado do país em 2008, Gabriel Chalita, chama de preconceituoso o PSDB, que acaba de trocar pelo PSB, faz elogios a Ciro Gomes e Dilma Rousseff. A entrevista confirma um clima acirrado no tucanato de São Paulo, base principal e trampolim do projeto presidencial do governador tucano José Serra.
Publicado 26/09/2009 10:48
Gabriel Chalita, 41 anos, foi o vereador mais votado de São Paulo na eleição de 2008, graças à imagem projetada como prolífico autor de livros de autoajuda. Muito ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin, sua saída do PSDB foi vista como um indício da gravidade do confronto entre Alckmin e o grupo do governador e presidenciável José Serra. Chalita, que pode concorrer ao Senado, optou pelo PSB, uma legenda da base do governo Serra no plano estadual e de Lula no nacional.
Folha de S.Paulo: Por que o sr. saiu do PSDB?
Gabriel Chalita: Na condição de vereador mais votado do Brasil, eu queria pelo menos ter sido respeitado pelo partido. Eu não fazia parte da Executiva nem do Diretório. Nunca me reuni com o governador Serra. Fui tratado de uma forma preconceituosa no PSDB. Tenho convicções e experiências de sucesso de quando fui secretário da Educação de São Paulo [2001-2006], como o programa Escola da Família.
Folha: E por que o PSB?
Chalita: O Eduardo Campos [governador de Pernambuco do PSB] é um fenômeno. Eu gosto do Márcio França [deputado federal] e tenho fascínio pela Luiza Erundina [deputada federal]. Quando ela foi prefeita de São Paulo [1989-1992], colocou na educação o Paulo Freire [educador, 1921-1997] e nunca enriqueceu na política.
Folha: O sr. esteve com o ex-ministro José Dirceu (PT)?
Chalita: Não tenho nada contra ele, mas nunca vi o José Dirceu pessoalmente na minha vida. Eu sempre tive uma boa relação com o PT. Não estou saindo para brigar com ninguém.
Folha: O sr. se dá bem com o Ciro?
Chalita: Ele era um dos meus modelos quando estava no PSDB. Gosto muito. Ciro não tem nada de desonestidade e corrupção. Ele é combativo e defende suas causas.
Folha: O sr. tentou avisar o Serra de que estava deixando o partido?
Chalita: Sim, mas todas as vezes que ele marcou comigo, ele acabou postergando. Não quero fazer parte de uma campanha sem fazer parte de um projeto. Eu sinto uma carência de projetos no PSDB. O Lula tem um projeto claro para o Brasil.
Folha: Qual sua relação com a ministra Dilma Rousseff?
Chalita: Ela é intransigente na questão moral e, como o Ciro, tem a qualidade de ouvir as pessoas. Um governante ególatra faz coisas imprevisíveis.
Folha: E como fica sua relação com Geraldo Alckmin?
Chalita: Do ponto de vista pessoal, não muda nada. Fui correto com ele, o procurei várias vezes para dizer que eu não tinha espaço no PSDB.
Folha: O sr. não teme que o PSDB tente retomar sua vaga na Câmara?
Chalita: Espero que não, eu ajudei o partido na eleição.
Com informações da Folha de S.Paulo
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