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Renato Rabelo recebe comunistas cubanos e indiano na sede do CC

Na tarde desta quinta-feira (24), o presidente do PCdoB, Renato Rabelo e o membro da Comissão de Relações Internacionais, Ronaldo Carmona, receberam na sede do partido, em São Paulo, membros dos partidos comunistas de Cuba e da Índia-Marxista. Foram duas conversas bilaterais que tiveram como objetivo trocar informações sobre os países e estreitar as relações entre as organizações políticas.

Eles vieram ao Brasil por conta do encontro Nossa América e do Congresso da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), realizados nesta semana.

Os cubanos Salvador Valdes Mesa e Raymundo Navarro, respectivamente secretário geral e secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC), trataram de questões relacionadas ao mundo do trabalho, mas também do contexto nacional de seu país.

Renato Rabelo tratou, inicialmente, da CTB. “Ela está se ampliando cada vez mais e tem conseguido cumprir todas as metas estabelecidas até o momento. Nosso objetivo, com a formação dessa central há dois anos, é unir e não separar a classe trabalhadora”. Agora, disse, “a CTB tentará conclamar uma nova Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (Conclat) para estabelecer objetivos comuns e atingir cerca de 80% dos movimentos dos trabalhadores”.

De acordo com o presidente, foi uma “grande vitória” a legalização recente das centrais sindicais, resultado da boa relação que o governo Lula mantém com as entidades. “A direita não admite esse fato e quer agora revogar a legalização com uma ação junto ao STF”, contou Rabelo aos cubanos.

Recuperação da Ilha

Salvador Valdes Mesa, por sua vez, tratou dos objetivos do povo cubano. “Queremos reverter a situação atual pela qual somos obrigados a exportar boa parte dos produtos que consumimos (cerca de 80%); o foco é investir especialmente em produtos de maior valor agregado”. Por outro lado, destacou: “vamos também lutar para manter as vitórias que conseguimos até hoje nas áreas de saúde, educação e esporte e, ainda, renovar nossas frotas aérea, terrestre e naval. Mas, para tudo isso, o bloqueio nos atrapalha muito”.

Além disso, a crise também incidiu diretamente na economia cubana. “O valor do níquel que exportamos caiu muito. Custava em torno de 54 mil dólares a tonelada e passou a 15 mil. Além disso, a produção de tabaco também sofreu queda”.

Uma das soluções encontradas para a questão alimentar está no incremento da agricultura. “Estamos distribuindo mais terras e experimentando a produção de soja”. Outro aspecto contra o qual os cubanos tiveram de lidar foram os resultados catastróficos de três furacões que castigaram o país neste ano. “Cerca de 600 mil casas foram afetadas, a economia e a agricultura sofreram diretamente seus efeitos. Mas, sabemos lidar com a adversidade e vamos nos recuperar”.

Com relação às expectativas do governo de Barack Obama nos EUA, Mesa lembrou que quando candidato “ele prometeu conversar com Cuba sobre o bloqueio, mas até agora a única flexibilização foi no sentido de permitir que cubanos residentes no país possam visitar suas família e possam enviar-lhes dinheiro”.

Ele contou que “os EUA nos impõem condicionamentos e não aceitamos isso. Queremos sim sentar para conversar, mas de igual para igual. A primeira coisa a ser colocada é que o bloqueio tem de acabar porque se trata de uma interferência externa que nos afeta diretamente. Não nos metemos nos EUA e não queremos que se metam em nosso país”. Mesa lembrou que “Obama pertence ao establishment, ou seja, não vai mudar estruturalmente seu país, mas foi eleito como forma de melhorar a imagem dos EUA depois dos estragos da era Bush”.

Para Mesa, “os comunistas cubanos têm um compromisso com a humanidade e continuarão trabalhando pelo socialismo porque mostramos que é possível construí-lo e resistir ao imperialismo”.

Encontro com o PCI-M

Sukomal Sen (foto), membro do Comitê Central do Partido Comunista da Índia-Marxista e dirigente sindical da CITU (Centre of Indian Trade Unions) falou sobre as semelhanças entre os dois partidos. Em seu país, também houve uma cisão originando dois partidos comunistas (PCI e PCI-M), como aconteceu no Brasil em 1962. Hoje, o PCI-M conta com cerca de um milhão de membros.

Renato Rabelo explicou as diferenças entre os partidos no Brasil, falou do apoio ao governo Lula e sobre os objetivos dos comunistas brasileiros.

Sobre as últimas eleições na Índia, ocorridas em maio, quando o PCI-M sofreu derrotas importantes, Sukomal Sen disse que “estamos avaliando os motivos que nos levaram a esses revezes, mas já sabemos que ocorreram erros políticos locais que estamos depurando”.

Ele contou ainda que o partido precisa, ainda, lidar com grupos armados maoístas. “Eles são diferentes dos do Nepal e estão matando inclusive membros de nosso partido. Cem perderam a vida nos últimos três meses. Eles nos consideram ‘inimigos de classe’ e estão também matando membros do governo”, lamentou.

Sobre a mídia local, Sukomal Sen disse que “ela é igualmente anticomunista. Sabemos que a CIA está criando novas mídias, especialmente eletrônicas na Índia para interferir no contexto político local e agir principalmente contra os comunistas”.

Por fim, salientou que “considera essencial a aproximação entre os dois partidos – do Brasil e da Índia-Marxista – para entendermos as realidades de cada um e nos mantermos unidos porque assim nos mantemos comunistas”.

Da redação,
Priscila Lobregatte