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Para consultor da campanha Rio-2016, cidade é opção histórica

Michael Payne trabalhou por 21 anos no Comitê Olímpico Internacional (COI) e foi o responsável pelo marketing de 15 Olimpíadas de verão e inverno. Tido como um dos principais responsáveis por transformar os Jogos no maior evento do mundo, o inglês, que foi conselheiro da candidatura do Rio, concedeu entrevista exclusiva ao jornal Lance!, na qual analisou o panorama para eleição de amanhã e afirmou que o Rio de Janeiro tem condições de realizar um grande evento.

Leia abaixo a íntegra da entrevista

Lance!: Em 2014, o Brasil sediará a Copa do Mundo. Isso de alguma maneira afeta a candidatura olímpica do Rio de Janeiro?

Michael Payne: Inicialmente algumas pessoas questionaram se não seria muito para um país receber dois grandes eventos de forma consecutiva. Mas eu acredito que, agora, todos estão cientes de que é uma grande vantagem. Isso permitirá ao país dividir melhor os seus gastos e realmente explorar as plataformas de promoção global.

Para a Olimpíada é uma grande vantagem, pois será possível testar a estrutura dois anos antes.

Nos Jogos Pan-Americanos, uma grande parte dos investimentos veio do governo. Essa é a melhor maneira de se financiar uma Olimpíada também?

No meu ponto de vista esta é a única maneira. è impossível pensar que você conseguirá toda a verba através de patrocinadores.

Os EUA tentaram fazer isso em Atlanta, em 1996, e falharam.

Três emissoras brasileiras (Globo, Record e Bandeirantes) adquiriram os direitos de transmissão dos Jogos-2016. Isto pode ser um sinal de que a Olimpíada será realizada no Rio? 

Não. Obviamente elas gostariam de transmitir uma Olimpíada em seu p aís. Mas, quando se candidataram para ter os direitos não sabiam e ainda não sabem onde serão os Jogos. O que isso mostra ao COI é o tremendo crescimento da economia brasileira e isso é um sinal positivo.

O Rio investiu em mais marketing e propaganda externo do que interno. Esta é a melhor maneira de se conduzir uma campanha?

Para vencer, você tem de persuadir os eleitores, e não há eleitores no Brasil. Realmente você precisa de apoio interno do público, mas são os 106 eleitores internacionais que você tem de convencer e todos eles vivem fora do Brasil. No passado, algumas cidades se esqueceram disso, focaram apenas no marketing interno e acabaram tendo poucos votos.

Como o senhor vê este embate entre os presidentes Lula e Obama, duas figuras carismáticas? 

Lula esteve envolvido com a campanha desde o início. Esteve em Pequim para estudar os Jogos, foi a Londres para ver como está a preparação para a Olimpíada de 2012 e teve encontros com vários membros do COI. Por outro lado, o presidente Obama ainda desfruta de uma lua-de-mel com o mundo, mas ainda precisa ter contato com os eleitores do COI.

Há alguma cidade que já pode ser descartada na eleição ou a sede dos Jogos será decidida em uma votação muito apertada? 

Todas as quatro cidades passaram por uma avaliação rigorosa e sempre há surpresas na primeira rodada. Por isso mesmo, nunca é bom descartar ninguém.

Como um ex-alto executivo do COI, o senhor acredita que o Rio merece receber a Olimpíada?
Com certeza. Das quatro cidades é a única que pode oferecer uma opção histórica para o COI, pois os Jogos nunca estiveram na América do Sul. O Rio é uma cidade dinâmica. Acredito que pode realizar um grande evento e prestar uma grande contribuição para o movimento olímpico.

Veja como será a escolha da sede

Cada cidade terá 45 minutos para fazer sua apresentação. Chicago dá início à última chance de apresentar o projeto aos membros votantes. O restante do tempo será destinado para as perguntas dos membros do COI:

– Chicago: das 8h45 (3h45 de Brasília) às 9h55 (4h45)
– Tóquio das 10h25 (5h25 de Brasília) às 11h35 (6h35)
– Rio de Janeiro das 12h05 (7h05 de Brasília) às 13h15 (8h15)
– Madri das 14h45 (9h45 de Brasília) às 15h55 (10h55)

Em seguida, ocorrerá a votação, que terá início às 16h (11h de Brasília) e será encerrada às 17h40 (12h40) . Às 18h30 (13h30 de Brasília) o COI anunciará a cidade vencedora e às 19h30 (14h30 de Brasília) será realizada uma coletiva do COI com a escolhida para os jogos.

A votação é secreta e eletrônica. Cada votante recebe um aparelho com as opções 1 (Chicago), 2 (Tóquio), 3 (Rio) e 4 (Madri). O número equivale à ordem de apresentação da cidade. Para vencer, é preciso metade dos votos mais um. Caso não ocorra na primeira etapa, a última colocada é eliminada e nova rodada é realizada. Repete-se até sair a vencedora. Caso haja igualdade na etapa final, a decisão é de Jacques Rogge, presidente do COI.

O Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional conta com 106 membros, mas somente 97 integrantes estão aptos a votar na primeira rodada. Isto porque o presidente do COI, o belga Jacques Rogge, e o sul-coreano Kun Hee Lee, de licença, não votam, bem como os representantes das quatro cidades concorrentes: dois do Japão, dois dos Estados Unidos, dois do Brasil e um da Espanha.

Os dirigentes das candidatas só participam caso a cidade que representam seja eliminada em alguma das rodadas anteriores.
 

Da redação, com informações do jornal Lance!