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PT reaviva esperança de ter Ciro na disputa ao governo de SP

Em evento na Câmara Municipal de São Paulo, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, admitiu nesta sexta-feira, 2, a possibilidade de o partido apoiar uma eventual candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB) ao governo de São Paulo em 2010. Sentada a poucos metros de Berzoini, a ex-prefeita Marta Suplicy, por sua vez, afirmou defender a candidatura do deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci ao governo.

A declaração de Berzoini, feita durante o evento de filiação dos empresários Ivo e Eleonora Rosset, da Valisère, ao PT, vem no mesmo dia em que Ciro transfere seu domicílio eleitoral para o Estado, abrindo a hipótese de lançar-se a governador. Apesar da transferência, Ciro tem deixado clara sua pretensão de concorrer à Presidência nas próximas eleições.

"Há espaço para Ciro ser candidato em São Paulo com o apoio do PT", afirmou Berzoini, após participar, na Câmara Municipal, da cerimônia de filiação ao PT do empresário Ivo Rosset e da psicanalista Eleonora Rosset. "O PT é um partido democrático, onde os caciques não impõem à base nenhuma decisão. Pelo debate sobre o futuro do Brasil, há espaço para construir isso no PT."

Apesar da disposição de Berzoini, o PT estadual trabalha prioritariamente com uma candidatura própria ao governo paulista. Para o presidente do PT-SP, Edinho Silva, a decisão de Ciro de transferir o título mostra a necessidade de "diálogo". "A possibilidade de Ciro concorrer ao governo era uma especulação. Hoje é real, concreta", disse o líder. "A decisão dele formaliza que o PT tem de dialogar com o PSB de uma forma efetiva."

Edinho sugeriu que Ciro saia como vice da ministra Dilma Rousseff, possível candidata do PT à Presidência. "A prioridade é construir a vice-presidência com o PMDB, mas não se pode descartar uma liderança como Ciro Gomes."

Antonio Palocci

Nome forte para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes pelo PT, o deputado federal Antonio Palocci esforçou-se em mostrar cordialidade diante da decisão de Ciro. "Como liderança política e como companheiro nosso, Ciro é muito bem-vindo ao debate em São Paulo", disse. "Ele vai ser muito considerado por nós."

Sobre sua própria candidatura, no entanto, Palocci esquivou-se de falar. "Não tenho nada a esconder, mas a discussão não se coloca agora", afirmou. "Primeiro decidiremos o cenário nacional, depois os Estados."

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy – também sondada para concorrer ao governo estadual – evitou fazer prognósticos sobre o destino de Ciro. "O cenário é muito nublado, não temos de fazer análises precipitadas." A respeito da hipótese de concorrer ao Executivo paulista, Marta disse não estar entre suas preferências. "Governo não é a minha prioridade. Vou ser candidata em 2010, mas estou na campanha por Palocci em São Paulo."

Palocci e Marta foram, cada um a seu tempo, saudados com gritos de "governador" e "governadora" por pessoas da plateia, formada por mais de 300 pessoas.

Ciro: sou candidato à Presidência

Longe dali, Ciro Gomes (PSB-CE) transferia seu domicílio eleitoral para São Paulo
reiterando sua intenção para disputar a Presidência da República. O deputado informou que a decisão atende a um apelo de líderes do PSB. "Reafirmo minha disposição em apresentar minha pré-candidatura à Presidência da República", disse. Ele defendeu a candidatura do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, para governador de São Paulo e disse que o empresário foi a primeiro a ser informado sobre sua decisão.

Embora já tenha disputado o cargo por duas vezes, em 1998 e 2002, ele declarou que era preciso ter intimidade com São Paulo para ser candidato. "São Paulo é o maior Estado brasileiro. Para ser candidato a presidente é preciso ter intimidade com a expressão que São Paulo tem na economia, cultura, movimento acadêmico, movimento dos trabalhadores, de maneira que o partido achou que era conveniente. Nem foi minha vontade, como sempre falei", afirmou. Questionado sobre se haveria tempo hábil para se tornar íntimo do eleitorado de São Paulo a um ano das eleições, respondeu: "Eu consigo isso em três meses."

Vindo de Fortaleza (CE) especialmente para o ato, ele compareceu no início da tarde no cartório da 2ª Zona Eleitoral de Perdizes, na zona oeste da capital paulista. Ciro ficou menos de uma hora no local. Ele pegou uma senha para ser atendido, de número 929, mas sua ficha já estava previamente preenchida. Bastou assinar o documento para receber o novo título de eleitor. Ele voltou para a capital cearense no mesmo dia.

Ciro se esforçou para mostrar proximidade com São Paulo. Disse que a primeira vez que viu o mar foi em Ubatuba, praia do litoral norte do Estado, e que adorava a região de Mauá e Maromba, próxima aos limites com Minas e Rio, além de Campos do Jordão e Pindamonhangaba, onde nasceu e tem parentes até hoje. "Já moro aqui há muitos anos", disse, dando como endereço uma rua dos Jardins, zona oeste da capital. "Moro em Brasília, no Ceará, Rio e aqui. São os quatro lugares em que tenho residência", explicou. O deputado disse que o que mais gostava em São Paulo era "do povo".

Fonte: Agência Estado