Indígenas do povo Kaixana, no Amazonas, sofrem ameaças
Fazendeiros e madeireiros estão ameaçando lideranças do povo indígena Kaixana. A denúncia é feita por Eledilson Corrêa Dias, coordenador geral da Coordenação das Organizações Indígenas Kaixana do Alto Solimões – Coikas e vêm acontecendo com mais freqüência depois das agressões praticadas contra os indígenas durante a realização de uma conferência, em junho passado, na cidade de Santo Antônio do Içá – distante de Manaus (AM) cerca de 960 quilômetros em linha reta.
Por J. Rosha, para a Adital
Publicado 03/10/2009 22:39
Os Kaixana habitam tradicionalmente a região do Alto Solimões em áreas localizadas nos municípios de Tonantins, Jutaí e Santo Antonio do Içá. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário – Cimi Norte I, existem treze terras ocupadas por aquele povo, mas apenas "Mapari", no município de Jutaí, e "São Sebastião", em Tonantins, constam na lista oficial da Fundação Nacional do Índio – Funai. Outras onze encontram-se sem nenhuma providência.
Por causa disso, as aldeias dos Kaixana são constantemente invadidas por pescadores e madeireiros, conforme relata o coordenador da Coikas. "Os indígenas, nas comunidades, estão desamparados e à mercê de ameaças. Os ‘parentes’ são colocados contra a parede para desistirem de lutar pela terra e muitos ficam com medo", diz Eledilson.
Ele conta que várias lideranças, inclusive ele próprio, já foram ameaçadas de morte. As ameaças partem de fazendeiros, madeireiros e posseiros que não concordam com a demarcação das terras. Eledilson relata que no dia 28 de junho do mês de junho, no momento da realização da Primeira Conferência Comunitária Indígena Kaixana, na comunidade Vila Presidente Vargas – localizada a dois quilômetros do centro da cidade-, fazendeiros interromperam violentamente o evento. "Vários indígenas foram espancados. Os agressores atearam fogo na maloca principal, onde o Cacique Francisco Barroso Laranhaga organizava a conferência com a participação de cerca de 150 pessoas", conta ele.
O fato foi denunciado à Funai e ao Ministério Público Federal mas até o momento ninguém foi responsabilizado. "Nós esperamos que a Funai demarque nossas terras para acabar com esses conflitos, antes que algum indígena seja morto pelos fazendeiros", reclama Eledilson. Os indígenas esperam, também, com a regularização da terra, ter melhor assistência na educação e saúde.