Manifestação lembra massacre estudantil no México
Milhares de estudantes, ativistas e operários saíram neste domingo (3) às ruas da capital mexicana para lembrar o 41º aniversário da sangrenta repressão militar aos estudantes mexicanos reunidos em um comício no bairro de Tlatelolco.
Publicado 03/10/2009 20:18
As manifestação teve início na Praça das Três Culturas, no bairro de Tlatelolco, palco de um massacre estudantil no dia 2 de outubro de 1968, na qual morreram cerca de 40 jovens, segundo as autoridades, e 400 de acordo com diversos organismos civis. Naquele dia, soldados dissolveram a tiros um comício estudantil.
No mesmo local da repressão, o argentino Enrique Jezik e o lituano Redas Dirzys escalaram a parte exterior da torre de Tlatelolco. Eles levavam nas costas a imagem do então presidente do México, Gustavo Díaz Ordaz (1964-1970), e do secretário de governo (Interior), Luis Echeverría, responsáveis pela repressão violenta.
O diretor do Centro Cultural Universitário de Tlatelolco, Sergio Arroyo, disse à que o ato, intitulado "O peso da história", queria exemplificar "o peso dos símbolos e impunidade" no caso, pois tanto Díaz Ordaz como Echeverría jamais foram julgados pelo massacre.
Raúl Álvarez Garín, um dos dirigentes do Comitê 68, lamentou que passados 41 anos deste massacre "não fez-se justiça" ao permitir que o também ex-presidente Luis Echeverría (1970-1976), considerado o principal responsável, "conseguiu burlar todos os processos abertos contra si".
"Nesta ocasião estamos reivindicando a demissão dos ministros da Suprema Corte e um julgamento político contra si por esta grave irresponsabilidade, acusados de negligência e cumplicidade, já que tecnicamente facilitaram a fuga do foragido da Justiça que é Echeverría", disse Álvarez Garín.
Ele explicou que a marcha é uma mostra de insatisfação da sociedade que reivindica justiça por outros atos de repressão e perseguição, entre os quais mencionou o massacre de Acteal de 1997, onde morreram 45 indígenas, e a repressão de camponeses e comerciantes de San Salvador Atenco, em 2006.
O "Comitê do 68" lutou pelo julgamento penal e político contra todos os culpados do massacre de Tlatelolco e procura através de instâncias internacionais que suas reivindicações sejam atendidas.
Durante a manifestação, policiais tentaram dispersar centenas de estudantes no centro da capital, o que deixou alguns estudantes e um policial feridos.
Da redação, com agências