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Aproximação Brasil-China resulta em usina de R$ 1,3 bilhão no RS

Resultado da aproximação entre Brasil e China, a usina Candiota III está saindo do papel para a realidade concreta na Campanha, uma das regiões mais pobres do Rio Grande do Sul. Obra de R$ 1,3 bilhão, incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com inauguração prevista para junho de 2010, a usina marca a retomada da construção de termelétricas a carvão no país. É o maior canteiro de obras do Sul do Brasil.

“Hoje temos 2.900 trabalhadores e vamos chegar a 3.300 no começo de novembro”, adianta o coordenador da obra, Hermes Marques. Contratada ao grupo chinês Citic, a usina será administrada pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), vinculada à Eletrobrás.

Batizada como Candiota III por conta das outras duas termelétricas do complexo – inauguradas em 1974 e 1986 e situadas ao lado da obra atual – a usina lida com números altissonantes. Para levantá-la estão sendo consumidos 72 mil metros cúbicos de concreto, 10 mil toneladas de aço e quase sete mil de estruturas metálicas.

Os componentes de sua montagem pesam 28 mil toneladas. Cifras mais impressionantes só mesmo as da imensa jazida de carvão-vapor sobre a qual está assentada. Estima-se que a mina guarde 12 bilhões de toneladas.

“Nunca vi nada igual”

A usina não está pronta e por isso ainda não gera seus 350 megawatts capazes de suprir a demanda de uma cidade de um milhão de habitantes, mas os efeitos provocados pela sua construção na economia regional estão bem à vista. Quem vive na pacata Candiota, distante 393 quilômetros de Porto Alegre, espanta-se com a velocidade das mudanças.

“Nasci aqui há 43 anos e nunca vi nada igual. Três anos atrás, aqui havia só um supermercado grande – e hoje são quatro. Só tinha três farmácias – e agora tem nove”, exemplifica o funcionário público Oxcilei Quadros. Surgiram mais bares, restaurantes, churrascarias. E a cidade ficou superlotada. “Não existe um só quarto para alugar. Se alguém quiser morar numa garagem, não consegue…”

Como não há acomodações suficientes, apesar dos alojamentos instalados pelas empreiteiras, diariamente filas de ônibus das cidades próximas vão levar e buscar centenas de operários.

“São 46 ônibus pela manhã e mais 46 no final da tarde levando gente para Hulha Negra, Pinheiro Machado, Pedras Altas etc”, relata Quadros. A questão da habitação ganhou tal envergadura que até a Prefeitura resolveu entrar no ramo da construção civil. Pilotada pela curiosa coligação PT-PSDB, está vendendo o projeto “Residencial Seival”, com oito blocos e 216 apartamentos de dois quartos.

O secretário local de Administração, Marcos Pérez, calcula que só na arrecadação de um tributo, o ISSQN, o município vai faturar mais R$ 10 milhões com a obra e seus reflexos na economia de Candiota.

“Os chineses compram tudo”

O sopro na atividade econômica chega a muitas cidades, dentro ou fora da região da Campanha. São gaúchas três das grandes empresas de construção civil subcontratadas pelos chineses do Citic para erguer Candiota III. A estrutura metálica da casa de máquinas e dos transportadores de carvão, pesando seis mil toneladas, está sendo fabricada em Marau, que fica em outra região do estado. Em Bagé, distante 60 quilômetros de Candiota e a maior cidade dos arredores, a circulação de forasteiros e de mais dinheiro movimenta o comércio.

“Os chineses acabam com os nossos pelegos. Compram tudo”, diverte-se a secretária de Desenvolvimento e Turismo do município, Magda Flores. Mesmo em um período de crise e desaquecimento da economia global, o emprego no setor da construção civil em Bagé cresceu 12,5% entre maio de 2008 e maio de 2009. “Hoje certamente estes números estão ainda mais altos. Há mais de 20 anos não tínhamos um momento tão bom”, acha a secretária.

A informação é do Brasília Confidencial