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Filha de Chomsky compara imigração ilegal com escravidão nos EUA

Em uma palestra dada aos alunos do Framingham High School, em Massachusetts, no dia 6 de outubro, Aviva Chomsky, professora universitária do Salem State College, criticou severamente a forma com que o Governo norte-americano lida com a imigração; traçando paralelos do tratamento recebidos pelos imigrantes sem documentos com a história da escravidão nos EUA.

“Aqueles que são imigrantes ilegais não são diferentes de ninguém”, disse Aviva Chomsky, professora do Salem State College, aos alunos do Framingham High School, em Massachusetts. “O Governo aprovou uma lei (que determina) que eles são diferentes”.

Chomsky, a filha mais velha do ativista político e professor do MIT Noam Chomsky, é autora de 6 livros, incluindo a obra “Eles tomam nossos empregos”, na qual ela esclarece o que considera os 20 mitos principais sobre imigração nos Estados Unidos. Ela discursou para centenas de alunos e desmistificou as alegações de que os imigrantes "roubam" empregos dos norte-americanos e que eles "não pagam impostos".

Aviva disse que, quanto mais pessoas entram no país, mais empregos são criados para atender a demanda por serviços.

“As pessoas sempre vêm para os Estados Unidos por causa da demanda por trabalho. Todos que chegam aqui; chegam por causa do trabalho”, comentou a professora.

A parcela dos imigrantes na mão-de-obra estadual cresceu de 8.8% em 1980 para 17% em 2004, segundo o grupo Immigrant Learning Center, com sede em Malden (MA), que em junho desse ano divulgou um relatório sobre o papel ocupado pelos imigrantes no desenvolvimento econômico estadual.

Até 2007, os imigrantes formavam mais de 21% dos trabalhadores no estado com idade entre 25 e 44 anos, ou seja, mais imigrantes ocuparão mais empregos enquanto os trabalhadores mais velhos se aposentam, segundo o relatório do Learning Center. Localmente, os imigrantes totalizam 16 mil trabalhadores em Framingham, ou seja, 25% da população, em contraste com 6.100 em Milford e quase 14 mil em Waltham, em 2007. Aproximadamente 14% da população em Massachusetts, 912 mil pessoas, eram imigrantes ano passado.

Aviva traçou paralelos entre a forma com que o Governo lida com a imigração com a escravidão de africanos cerca de 150 anos atrás e disse que em ambos os casos as autoridades decidiram que algumas pessoas tinham direitos e outras não.

"Alguns empregadores tiram proveito dos imigrantes que se encontram ilegalmente no país para pagar salários baixos em dinheiro, enquanto alguns trabalhadores falsificam cartões do Seguro Social para conseguir empregos melhores. Porque seus salários são tributados, mas eles encontram-se ilegalmente no país, esses trabalhadores pagam serviços os quais eles não têm direito", disse Aviva.

“Eles mentem para poderem pagar impostos e ter acesso a empregos”, disse ela.

Nas escolas de Framingham, quase 1.200 entre seus 8.136 alunos possuem limitação no domínio da língua inglesa e cerca de 10% do total de estudantes está matriculado em algum tipo de programa de aperfeiçoamento do inglês.

“É Framingham. Ela sempre foi uma cidade de imigrantes”, disse Maria T. Carollo Figueroa, chefe do Departamento de Idiomas da escola. Ela ensina italiano e sua família imigrou da Itália para Wyoming em 1956. Figueroa disse que sempre aborda atitudes contra os imigrantes no contexto histórico, como as acusações durante a Segunda Guerra Mundial que os ítalo-americanos eram facistas quando os EUA lutavam contra a Itália. Ela convidou Aviva à escola depois de tê-la conhecido no Brazilian Women’s Group em Cambridge.

“Meu comentário (aos alunos) é que os imigrantes sempre parecem melhores 50 anos depois”, disse ela.

O estudante Patrick Greeley disse que os alunos não falam bastante sobre imigração, ilegal ou não, mas que seus amigos são receptivos ao assunto. “No meu círculo de amigos, somos muito abertos à imigração”, comentou.

Já a estudante Mia Cross concordou não haver discussões suficientes sobre imigração e que têm a consciência de muitos de seus colegas de sala são de outros países.

O aluno Zach Bloomstein disse ter gostado do assunto que Aviva abordou. “Ela acha que todos chegaram aqui por um motivo”, para ajudar a construir o país, concluiu.

Com informações do BrazilianVoice