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DEM cobra fim da defensiva; quer que Serra 'saia da toca'

O desabafo do governador José Serra (PSDB) nesta quarta-feira (21) em seu Twitter – "Estou cansado de não responder a pergunta sobre a [sua candidatura à] Presidência" – não aplacou seus aliados que o acham defensivo demais. "No DEM, ninguém tem dúvida de que o candidato é o Serra. Queremos é que ele saia da toca", retrucou ,a sexta o deputado Alceni Guerra (DEM-PR). Já Aécio Neves ameaçou lançar-se para o Senado em fevereiro, caso seu rival cordial José Serra insista em só se definir em março – o que soa quase como um rompimento.

Por Bernardo Joffily


O governador paulista brincou dizendo que se tomar alguma decisão sobre o assunto, pode anunciá-la antes no microblog. "Estou cansado de não responder a pergunta sobre a Presidência… É cedo. Talvez responda primeiro no Twitter. Quem sabe…", tuitou ele. A página de Serra na rede de microblogs é acompanhada por 121 mil pessoas.

O dilema que Serra não resolveu

A relutância do governador paulista em "sair da toca" parte de um frio cálculo político. Entre outras variáveis, Serra ainda não respondeu ao dilema entre sair para a disputa presidencial, que se anuncia difícil, e recuar para uma nunca aventada em público porém mais tranquila disputa de um segundo mandato no Palácio dos Bandeirantes.

Do ponto de vista pessoal, a segunda opção é tentadora. Sob o prisma 'de classe' e 'de partido', seria uma traição ao bloco conservador, mais ainda depois que a alternativa Aécio presidente foi impiedosamente desidratada.

Os correligionários anti-Lula cobram uma definição rápida em nome dos interesses 'de classe' e 'de partido'. Querem um nome presidencial para montarem os seus palanques nos estados. Inquietam-se com a pré-campanha da ministra Dilma Roussef (Casa Civil), incrementada pelo possante cabo eleitoral que é o presidente Luiz Inácio 'o Cara' Lula da Silva. Acusaram o golpe da pré-aliança PT-PMDB, selada pelas direções dos dois partidos nesta quarta-feira.

O quase-ultimato de Aécio

A cobrança de Aécio é incisiva. Desde quando era um postulante presidencial de fato, ele insiste em acelerar o processo de definição da candidatura, enquanto Serra posterga. Agora, diante da sinalização de uma decisão em março, adiantou que neste caso ele se lançará em fevereiro… candidato a senador por Minas.

É quase um ultimato. Um gesto assim exporia à luz do dia as cartas marcadas do jogo tucano para escolher seu candidato. Transformaria o anúncio em março num anticlimax, um segredo de Polichinelo.

O levantamento entre os parlamentares do DEM, publicada pelo jornal O Globo nesta segunda-feira – onde Aécio ganou de Serra por 33 votos a 22 – faz parte da mesma pressão. O DEM sabe, a própria sondagem mostra, que vai dar Serra e não Aécio. Mas quer uma definição rápica para sair a campo, escolher o vice e avançar nas disputas estaduais, que se anunciam árduas.

O que diz a pesquisa PSDB-Ibope

A pesquisa Ibope encomendada e divulgada pelo PSDB nesta quarta-feira pouco acrescenta que possa desentocar o governador.

Em relação à pesquisa CNI-Ibope feita em setembro (não foi esclarecido se os critérios permitem a comparação), Serra oscila três pontos para cima (de 38% para 41%), dentro da margem de erro de dois pontos para cima ou para baixo. Dilma oscila dois para cima, de 15% para 17%; e Ciro Gomes (PSDB) um para baixo, de 17% para 16%.

Em linhas gerais, as oscilações do PSDB-Ibope confirmam o mesmo quadro qua mantinha Serra "cansado de não responder": O presidenciável tucano, governador, ex-prefeito, senador e ministro, conhecido por 72% dos entrevistados, precisaria de algo a mais que os seus 41% para "sair da toca" como querem os seus aliados. Por exemplo uma queda da popularidade do governo.

Mas o desempenho do governo Lula foi aprovado no PSDB-Ibope de outubro por 82% dos entrevistados, contra 81% na CNI-Ibope em setembro. E o governo é considerado 'ótimo' e 'bom' por 72%, face a 69% na CNI-Ibope. As oscilações, dentro da margem de erro, devem ter reforçado a disposição de Serra para permanecer entocado.