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Estrangeiros já detêm 7% da dívida pública

A participação dos investidores estrangeiros na dívida pública interna bateu recorde em setembro e já supera os níveis anteriores ao início da crise. Segundo Tesouro Nacional, os investidores externos detinham 7,15% da dívida mobiliária (em títulos) interna mês passado, ou R$ 95,96 bilhões.

O avanço dos estrangeiros ajuda a explicar as críticas de setores, dentro e fora da equipe econômica, à decisão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de voltar a cobrar Impostos sobre Operações Financeiras (IOF), para evitar a valorização do real. "É uma tendência gradual a elevação da participação dos estrangeiros na dívida pública", afirmou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido.

Para o coordenador, ainda seria cedo para estimar o impacto do IOF, em vigor desde terça-feira. Na avaliação de Garrido, a cobrança do IOF afetará apenas os aplicadores com horizonte de curto prazo: "Para os investidores de longo prazo, o impacto será pouco significativo, na medida em que a taxação afeta quem aplica o dinheiro no país por pouco tempo", disse.

Já o Tesouro Nacional informou que, com o fim das transferências que fez para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a dívida pública federal (DPF) caiu 1,39%, ou R$ 21 bilhões, em setembro, sobre agosto, para R$ 1,509 trilhão.

É a primeira queda desde abril.. Principal componente da DPF, a dívida mobiliária (títulos) interna recuou 1,08%, de R$ 1,4 trilhão, para R$ 1,385 trilhão. A queda ocorreu porque o governo resgatou R$ 26,14 bilhões a mais em títulos do que emitiu. Só não foi maior, porque a capitalização de juros somou R$ 11,05 bilhões.

Conta corrente

O deficit em conta corrente do país no mês passado chegou a US$ 2,311 bilhões e acumulou US$ 11,876 bilhões de janeiro a setembro deste ano. Tanto na comparação com setembro do ano passado (US$ 2,761 bilhões) quanto com os nove meses de 2008 (US$ 22,884 bilhões), o resultado negativo deste ano é menor.

A conta corrente registra as compras e vendas de mercadorias e serviços do país com o exterior. Os dados foram divulgados pelo Banco Central. O resultado negativo foi puxado por um dos itens da conta chamado de serviços e rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros, viagens internacionais e outros).

Nesse caso, o déficit foi de US$ 3,969 bilhões, em setembro, e de US$ 35,632 bilhões, nos nove meses do ano. Outro parte da conta corrente é a balança comercial, que registra exportações e importações. No mês passado, houve superávit comercial de US$ 1,329 bilhão e o valor acumulado chegou a US$ 21,312 bilhões.

Nove meses

As transferências unilaterais correntes (registros de transferências de bens e serviços, doações recebidas ou enviadas sem contrapartida) somaram US$ 328 milhões no mês passado e US$ 2,443 bilhões de janeiro a setembro. Além da conta corrente, os dados do balanço de pagamentos (as transações comerciais e financeiras do Brasil com o exterior) também registram a conta capital e financeira (empréstimos e investimentos).

Quando o país tem déficit em conta corrente, precisa cobrir o resultado negativo com empréstimo ou receber investimentos do exterior. Segundo o Banco Central, o investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo, somou US$ 1,816 bilhão em setembro, valor bem abaixo dos US$ 6,241 bilhões registrados no mesmo período de 2008 e inferior ao déficit em conta corrente.

Nos nove meses de 2009, esse investimento somou US$ 17,691 bilhões, contra US$ 30,855 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. A projeção do BC é chegar ao final do ano com esses investimentos totalizando US$ 25 bilhões e o déficit em conta corrente em US$ 18 bilhões.

Com informação é da Agência Brasil