Modernização: tese do dólar barato cai por terra
Para o economista José Luis Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB), a drástica redução nos investimentos produtivos este ano põe por terra a última tese favorável à valorização cambial: a de que o dólar barato viabiliza a importação de máquinas e equipamentos para modernização da indústria.
Publicado 23/10/2009 16:15
"Existem evidências de que a apreciação da taxa real de câmbio está tendo um impacto negativo sobre as decisões de investimento, não apenas dos setores exportadores, mas também dos setores voltados para o atendimento do mercado doméstico", diz o professor, referindo-se à previsão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de queda de 15% a 17% na formação bruta de capital fixo (investimentos em máquinas e equipamentos e gastos em construção civil) este ano, em relação a 2008.
O setor industrial realizará apenas R$ 30 bilhões dos R$ 92 bilhões em investimentos previstos para este ano antes da crise. O resultado só não será pior porque a Petrobras aumentou em R$ 20 bilhões seus investimentos para 2009. Para Oreiro, o governo "pode e deve" adotar as medidas necessárias para estancar e deter o processo de apreciação da taxa real de câmbio. Essas medidas incluem a introdução de controles abrangentes à entrada de capitais e a criação do fundo de estabilização cambial.
"As evidências acumuladas ao longo dos últimos meses mostram de forma inequívoca que a apreciação da taxa real de câmbio está destruindo o potencial de crescimento da economia brasileira. O tempo para agir é agora. Se o governo demorar demais para introduzir essas medidas, corremos o risco de sacrificar a indústria brasileira no altar dos interesses dos rentistas, que não se cansam de se travestirem de "defensores dos interesses dos mais pobres" para manterem intactos seus privilégios e seus empregos de assessores (muito bem pagos) do grande capital financeiro", finalizou.
A informação é do Monitor Mercantil