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Zelaya dá por esgotado o diálogo com golpistas. E agora?

A equipe do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, anunciou, após a meia-noite (4h desta sexta-feira, 23, de Brasília), que dá por encerrado o diálogo com os negociadores da ditadura, após a recusa do intransigente governo golpista de restituir o líder constitucional. Deta maneira, processo de 16 dias de negociações chega ao fim sem ter alcançado sucesso. Para os Zelaystas, não há vontade política dos golpistas para resolverem a crise.

"Demos este diálogo por concluído, porque não estamos dispostos a permitir que o regime golpista utilize o diálogo como um instrumento para dilatar as soluções, para adiar a saída da crise e para ganhar tempo. O tempo que a ditadura ganha rouba a democracia de Honduras", advertiu Vitor Meza, membro da delegação de Zelaya.

"Não podemos seguir dando prazos, tampouco seguir nesse jogo. Vamos tentar outras gestões", afirmou Mayra Mejía, também integrante da equipe de negociação de Zelaya. O presidente havia anunciado um ultimato que expirava à meia-noite de quinta-feira (4H00 de Brasília, sexta-feira), com a ameaça ao regime de encerrar o diálogo se Roberto Micheletti não aceitasse seu retorno ao poder, do qual foi afastado pelo golpe de Estado de 28 de junho.

"O ponto fundamental é a restauração do presidente Zelaya e não havia vontade política para isso", disse Mejia a repórteres no saguão de um hotel em Tegucigalpa que sediou as negociações de três semanas. Ela afirmou que tem confiança de que a pressão da comunidade internacional poderá  pôr fim ao impasse em Honduras.

Mejía assinalou que, caso o golpe não seja revertido, se abrirá um perigoso precedente, "como uma espada pendendo sobre todas as democracias de América Latina, sobre cada presidente", colocou. De acordo com ela, este é um desafio para a Organização dos Estados Americanos (OEA) e para o mundo civilizado. "Se um golpe é dado e se valida com eleições, não haverá presidente seguro. Sempre teremos isso como ameaça", encerrou.

Segundo Vítor Meza, a ruptura do diálogo não é favorável ao país, porque produzirá um cenário caracterizado pela "convulsão política, agravamento da crise e a crescente 'ingovernabilidade' democrática de Honduras".

Os representantes de Zelaya se reunirão hoje com o mandatário deposto, na Embaixada do Brasil, onde o presidente está desde 21 de setembro, dia em que retornou a Honduras. O encontro tem como objetivo definir qual serão as próximas etapas para sua restituição.

Os diálogos foram iniciados no dia 7 de outubro, com apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), e tinham como base o Acordo de San José, proposto pelo presidente da Costa Rica e mediador da crise política hondurenha, Oscar Arias.

As conversações, no entanto, estavam interrompidas desde a última segunda-feira, quando a delegação de Micheletti apresentou uma proposta que foi recusada pelos representantes de Zelaya.
A proposta estabelecia que a Corte Suprema de Justiça e o Congresso Nacional apresentariam às comissões de diálogo um informe sobre os antecedentes do golpe de Estado, sendo que o texto serviria de base para decidir a restituição do governo constitucional.

As comissões já acordaram na maior parte dos pontos requeridos no Acordo de San José, menos na questão que envolve a volta de Zelaya ao poder.

Os delegados de Micheletti anunciaram que farão uma contra-proposta hoje. Mejía disse que ela poderá ser recebida pelos representantes da OEA que acompanharam o diálogo iniciado em 7 de outubro e destacou que o mesmo só será retomado com o debate da restituição de Zelaya.

Com agências