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Como o Rio pode ser cenário do “filme brasileiro” de Woody Allen

Com a visão de publicitário que, mesmo quando está longe da agência, continua a pensar em vender algo de alguma forma, Claudio Loureiro, sócio-diretor da Heads Propaganda, iniciou a viabilização de um sonho: trazer o diretor de cinema Woody Allen para filmar por aqui.

Ele estava de férias em Nova York com a família em janeiro de 2008 quando viu uma peça de busdoor sobre o país na linha "Visite o Brasil". Loureiro observou aos filhos que aquela não era a melhor forma de anunciar o Brasil. Simplesmente não tinha apelo.

Em meio à conversa, Loureiro concluiu que uma excelente forma de mostrar o Brasil para o mundo seria por meio de um filme. E mais: tinha de ser dirigido por Woody Allen. Na opinião de Loureiro, o cenário ideal seria a cidade do Rio de Janeiro, que passou a conhecer mais depois de a Heads, que tem sede em Curitiba, ter aberto escritório na capital fluminense, após a conquista da conta da Petrobras.

Da proposta inicial até o agendamento da primeira reunião com a equipe do cineasta, foram oito meses. Porém, o encontro só aconteceu em maio deste ano. Nesse período, o time da agência teve papel fundamental no desenvolvimento do projeto a ser apresentado.

Partindo de fragmentos do longa Vicky, Cristina, Barcelona, de Allen, foi finalizada uma proposta encaminhada à irmã do diretor, Letty Aronson, e ao agente do cineasta, Stephen Tenenbaum. Na ocasião, o publicitário discutiu a viabilização do filme no Rio e teve uma breve conversa com o diretor.

Depois, Loureiro foi convidado a acompanhar filmagens que o cineasta estava conduzindo em Londres, em junho passado. A partir dessa experiência, aumentou sua aproximação com a equipe de Allen.

"Acertamos a vinda deles para cá em outubro. Então, comecei a pensar em produtoras interessadas em participar do projeto." Loureiro conversou com a O2 e a Conspiração. "Durante a visita da equipe, elas mostraram a capacidade de produção que o Brasil tem", ressalta.

Fundo

A primeira reunião foi com a O2. A Conspiração veio em seguida. E fez uma proposta concreta para a viabilização financeira do projeto. Para Pedro Buarque de Hollanda, diretor-presidente da produtora, a confirmação da Conspiração não foi diretamente ligada à escolha do lugar. Eles tinham planos para filmar no Rio e em São Paulo.

"A produtora foi eleita pelo modelo de negócios que apresentamos; e o Rio, pelas locações disponíveis na cidade e pelo apoio do governo local", esclarece. Segundo o projeto da Conspiração, 15% da verba do filme seriam captados por leis de incentivo, como a da Ancine.

Há também o apoio das secretarias de Cultura municipal e estadual, por meio do Rio Global. Durante a audiência com a irmã e o agente de Allen, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes se dispuseram a investir R$ 3 milhões. O restante do projeto (85%) viria por meio de um fundo de investimentos com recursos somente da iniciativa privada.

"Podem pensar que, pelo fato de a Heads ser uma das agências da Petrobras, teríamos uma grande ajuda. Mas isso iria contra os esforços que estou fazendo no sentido de passar uma lição a meus filhos", diz Loureiro, que quis desvincular o anunciante justamente por estar em sua carteira de clientes. Ele garante que o fundo em regime de private equity — em que os investidores recebem parte dos lucros do filme — já está com as cotas fechadas, porém não anuncia quais empresas fazem parte.

"Isso foi possível por conta do histórico de vendas que Woody Allen conseguiu nos seus últimos filmes no mundo inteiro. Pudemos mostrar parâmetros realistas de retorno para os investidores, fazendo com que o risco dele diminuísse muito", afirma Hollanda.
Segundo ele, o projeto é uma coprodução, não apenas um production service. A Conspiração vai estruturar a parte econômica, ajudará a montar a produção, com participação muito relevante no equity do filme. "Woody Allen já se mostrou aberto a usar equipe local, inclusive atores, fotógrafo e chefes de equipe", conta Hollanda.

Se tudo der certo, as filmagens acontecem em julho e agosto de 2012. "Ele faz um filme por ano e já está com a agenda comprometida para 2010 e 2011", explica.

Tenenbaum e Letty ficaram nove dias no Brasil. Visitaram cidades como Angra dos Reis e Parati na companhia de Steve Solot, diretor da Rio Film Comission, e Leonardo Monteiro de Barros, produtor da Conspiração. A equipe de Allen ficou entusiasmada com cenários como o Theatro Municipal.

A decisão agora está com Woody Allen, que nunca visitou a América do Sul. A expectativa é que a resposta definitiva saia no primeiro trimestre do ano que vem.

Da Redação, com informações da m&m online