Pesquisadores descobrem 18 sítios arqueológicos no Jalapão

 

 

 

Pesquisadores descobrem 18 sítios arqueológicos na região do Jalapão

Descobertas ocorreram nos municípios de Novo Acordo, São Félix, Rio Sono e Lizarda; moradores faziam culto ao sol, através de pedras alinhadas

Eduardo Lobo
Palmas

Em apenas duas semanas de pesquisa de campo, em março deste ano, foram descobertas 18 ocorrências arqueológicas, entre assentamentos pré-cerâmicos, sítios litocerâmicos e pontos com arte rupestre na região do Jalapão, no Leste do Tocantins. Até então desconhecidas pela arqueologia brasileira, as ocorrências demonstram o alto potencial arqueológico do Jalapão, conforme especialistas. O assunto é tema desta primeira, das cinco matérias da série Riqueza Escondida.

Agora, além do rico potencial para o turismo de aventura e ecológico, a região revela-se um grande sítio arqueológico de alto valor histórico cultural e com informações que ainda podem ser desvendadas sobre os povos da pré-história (a fase da história que precede a escrita) que habitavam a área, dizem os arqueólogos. A área está situada no território de quatro municípios: Novo Acordo, Lizarda, São Félix do Tocantins e Rio Sono, respectivamente a 112, 317, 227 e 143 quilômetros de Palmas, que fazem parte da sub-bacia do Rio do Sono, formada por este e outros rios.

As descobertas foram realizadas por uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história da Universidade Federal da Grande Dourados (Etnolab-UFGD), do Estado do Mato Grosso do Sul. A pesquisa é decorrente de uma parceria entre a empresa Scientia Consultoria e o Etnolab-UFGD. Conforme o professor doutor do Etnolab-UFGD, Jorge Eremites de Oliveira, as descobertas surgiram de um trabalho rápido de duas semanas. “Tínhamos que verificar se existiam sítios arqueológicos nessa área que podem ser afetados com a construção da Usina Hidrelétrica de Novo Acordo (no município de Novo Acordo)”, revela.

A riqueza arqueológica do Jalapão é formada por alinhamentos de pedras e seixos no chão, e gravações rupestres feitas simbolizando pegadas de animais, triângulos e várias outras formas geométricas em paredes de cavernas e formações rochosas. As formas, conforme os pesquisadores, são características típicas da tradição conhecida como geométrica meridional, que era comum em vários grupos étnicos pré-históricos. Fazem parte das descobertas símbolos que, conforme os pesquisadores, podem ser referências astronômicas. Com as descobertas, os pesquisadores informam que é preciso ampliar os estudos para definir as características das sociedades pré-históricas que habitaram a região.

OCUPAÇÃO
Segundo os pesquisadores, o estudo revelou que os povos pré-históricos da região preferiam ocupar áreas próximas a córregos e rios de menor porte, afluentes do Rio do Sono. Para os arqueólogos, a opção poderia ser em função de os pequenos córregos facilitarem a pesca com “armadilha ou arco e flecha” e pela fonte de água. Constatou-se a existência de sítios arqueológicos às margens dos rios Monte Santo e Vermelho, bem como dos córregos Espingarda, Caracol, Rapadura, Olimpo, Formosa e Brejão.

Conforme Eremites de Oliveira e o professor doutor em Antropologia e Arqueologia Rodrigo Aguiar, que realizou o trabalho de campo no Jalapão, é importante frisar que, embora o período de pesquisa tenha sido pequeno, mostrou que a região possui um enorme potencial arqueológico não conhecido. “É algo tão grande e desconhecido que ficamos surpresos. É um grande potencial e atesta a necessidade do aprofundamento das pesquisas”, aponta Aguiar. Ele diz que as técnicas de pesquisa na região foram específicas, com varreduras em áreas próximas de cursos de água e com a ajuda de imagens de satélites.

 

Fonte: Jornal do Tocantins