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Governo vai apresentar "meta ousada" sobre clima no dia 14

O Brasil vai apresentar uma meta ousada de redução de emissões de gases de efeito estufa na reunião da COP-15, em Copenhague. Além da oferta de corte de 80% do desmatamento na Amazônia (redução de cerca de 580 milhões de CO²), o País vai levar à Convenção das Nações Unidas propostas de redução de emissões em áreas como energia (etanol e biocombustíveis), siderurgia (aço verde), agropecuária e na queda do desmatamento em outros biomas.

Para bater o martelo na posição brasileira para o encontro internacional sobre o clima, o Governo Federal está estudando diversas propostas apresentadas nesta terça-feira (3/11) em reunião do presidente Lula com ministros de diferentes pastas. O presidente Lula deve anunciá-las no próximo dia 14 de novembro.

Além do presidente da República, participaram da reunião a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o ministro da Agricultura, Reinold Steffanes, o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Machado, o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, o de Minas e Energia, Edison Lobão, e o secretário-executivo do Fórum de Mudanças Climáticas, Luiz Pingueli Rosa.

O corte de 80% no desmatamento na Amazônia vai significar cerca de 20% menos de emissões de CO² até 2020. Esse corte de 80% está baseado na média do desmatamento no período de 1996 a 2005, que totaliza 19,5 mil Km², ou seja, em 2020 o Brasil chegará a um índice de desmatamento abaixo dos 4 mil km² na Amazônia.

A agricultura também pretende reduzir significativamente suas emissões com ações de mitigação. Entre elas, o plantio direto, a recuperação de áreas degradadas e a integração das atividades de lavoura e pecuária.

Na área de siderurgia, de acordo com o ministro Carlos Minc, a exemplo do que ocorreu com o setor da soja, já estão avançadas as negociações para se chegar a um acordo setorial.

A proposta é a utilização do "aço verde", que prevê a substituição, num período de oito anos, de todo o carvão vegetal nativo pelo plantado, com isso evitando-se as emissões de CO² e o desmatamento.

Com as ações de mitigação previstas na agricultura, o que se pretende é o aumento da produtividade com o uso de uma área menor.

No plantio direto, por exemplo, que significa plantar na palha e revolver menos o solo, a meta é passar dos atuais 28 milhões de hectares para 40 milhões de hectares até o ano de 2020, com um ganho de 224 milhões de CO² a menos na atmosfera.

Com relação às áreas degradadas, a proposta é que num prazo de 10 anos haja uma economia de 81 milhões de toneladas de CO², caso se recupere 10% destas áreas.

A ministra Dilma Rousseff, que será a chefe da delegação brasileira em Copenhague, afirmou que a proposta que será anunciada em alguns dias não necessariamente trará os números de redução de emissões em cada setor.

"Serão linhas gerais. Não vamos apresentar os números, vamos apresentar as medidas. Até porque estamos fazendo de forma voluntária, pois achamos que é importante que o Brasil preserve suas características de país sustentável."

As propostas que vêm sendo levadas em consideração pelo Governo Brasileiro estão previstas em cenários de crescimento econômico de 4%, 5% e 6% ao ano.

Durante a coletiva, o ministro Carlos Minc disse que há uma crise planetária a ser resolvida e que todos os países dêem o máximo para resolvê-la. Segundo ele, os grandes estão com metas tímidas, principalmente com relação ao financiamento de projetos nos países em desenvolvimento.

"Uma das melhores formas de pressioná-lo é dando o exemplo com nossas propostas, como o menor desmatamento nos últimos 20 anos, o uso do biocombustível e do etanol, e do aço verde", afirmou.

Pinguelli Rosa: Brasil é ator importante no debate

O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, pouco antes de participar da reunião com o presidente Lula, deu uma entrevista ao Blog do Planalto, na qual disse que o Brasil é muito importante para a discussão climática e o grande problema até agora são os países desenvolvidos, que não querem assumir compromissos de redução em suas emissões de gases do efeito estufa.

Veja abaixo o vídeo com a entrevista:

Fonte: Ministério do Meio Ambiente