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Pentágono: Bases respondem a 'ameaça' de governos antiamericanos

Caiu a máscara. Documento do Pentágono, submetido ao Congresso para justificar o orçamento militar para 2010, desfaz a retórica de Washington e revela o real objetivo do pacto militar firmado sexta (30) com a Colômbia. Segundo o texto, com o acordo, o governo dos EUA considera ter aproveitado "oportunidade única" de obter "acesso e presença regional a custo mínimo" numa área sob "ameaças" constantes, entre elas a ascensão de "governos antiamericanos" na região, como o do venezuelano Hugo Chávez.

O texto, sancionado recentemente pelo presidente Barack Obama, inclui verba de US$ 46 milhões a ser aplicada na base de Palanquero, em território colombiano. Tal documento solapa a falácia de Washington e Bogotá, que repetem o mantra de que o pacto militar -que permitirá aos EUA usarem outras seis instalações além de Palanquero – visa atacar só problemas domésticos colombianos.

As informações reforçam as críticas de países como a Venezuela, que vê no trato uma ameaça à soberania latino-americana. O documento vem à tona em um momento em que a tensão entre Bogotá e Caracas volta a crescer por conta de incidentes na divisa cada vez mais violenta.

O teor do acordo militar não foi divulgado – a Colômbia promete fazê-lo nesta semana. Diversos países da região – em especial, Chávez, Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) – reclamaram de sua consumação. O governo Lula também cobrou "garantias" de Washington e Bogotá.

Em entrevista ao jornal colombiano "El Tiempo", o embaixador americano em Bogotá, William Brownfield, disse que seu governo já teria assegurado aos países da região que o acordo não permite operações conjuntas fora da Colômbia. "Posso dizer que o acordo diz [isso] claramente no artigo 4º, parágrafo 3º."

No entanto, na avaliação do Conselho de Estado, o órgão jurídico consultivo máximo colombiano, o texto é frouxo e deixa decisões importantes para acertos posteriores, além de ser "desequilibrado" a favor de Washington e potencialmente violador da soberania do país.

O documento do Pentágono submetido ao Congresso diz que Palanquero é "inquestionavelmente" o melhor lugar "para conduzir um completo espectro de operações pela América do Sul" -a importância da base já havia aparecido em documento da Força Aérea, que a inclui no esquema global de rotas para transporte estratégico global de carga e pessoal.

Afirma que o investimento na base vai "melhorar a capacidade dos EUA de responder rapidamente a crises, assegurando acesso e presença regional com custo mínimo". Contribuirá também para "expandir capacidade de guerra aérea", inteligência e monitoramento.

Com Folha de S.Paulo

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