BA: Violência contra a mulher estampa jornais de Salvador

O assassinato de duas mulheres pelos ex-companheiros, em menos de 72 horas, chocou a população de Salvador no último final de semana. Joice Queli Santos, 21 anos, e Estefane Barbosa Rodrigues, 16, foram mortas porque se recusaram a reatar relacionamentos marcados por agressões. As mortes aumentaram a estatística da violência contra a mulher na capital baiana, que aponta sete mortes semelhantes desde o início de 2009.

A vítima mais recente, Joice Queli, foi assassinada na quinta-feira (30/10), após ser perseguida por três meses pelo ex-companheiro Leonardo dos Santos, ter mudado de casa e prestado queixa contra o agressor na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). O desfecho para a história não poderia ser pior, pois Leonardo matou a ex-mulher com três tiros na cabeça e se suicidou, na frente da filha do casal de apenas 2 anos, da mãe e da avó da vítima.

O caso anterior ao de Joice foi o da adolescente Estefane Barbosa Rodrigues, 16, estrangulada pelo ex-namorado Renato Santos, 25, na residência da jovem, no bairro de Dom Avelar, na terça-feira da semana passada. Os dois assassinatos foram de mulheres vítimas de homens inconformados com o fim dos relacionamentos.

Triste estatística

Os assassinatos das duas jovens ganharam as manchetes dos principais jornais da cidade, mas infelizmente fazem parte de uma triste estatística da violência doméstica em Salvador. Só entre janeiro a junho, 1.486 mulheres prestaram queixa na Deam, após sofrerem agressão com lesão corporal. Isto mostra que oito mulheres são agredidas por dia na capital baiana, um percentual que pode ser ainda maior, já que muitas vítimas não denunciam as agressões por vergonha ou medo de represálias.

No mesmo período, 1.790 mulheres foram à delegacia para registrar ocorrência depois de ameaças e agressões morais como calúnia, injúria e difamação. O aumento da denúncia já no primeiro momento da agressão é reflexo da Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 2006 e tornou a punição à violência doméstica mais rigorosa. Antes, muitas situações de agressões eram resolvidas com pagamento de cestas básicas. Isso banalizava o processo, mas agora as mulheres têm respaldo na lei e uma agressão com lesões corporais leves é passível de pena entre três meses e três anos de prisão.

O aumento da punição, determinada pela Lei Maria da Penha, inibe a continuidade da violência, mas ainda não conseguiu diminuir a incidência das agressões e assassinatos, como os das jovens mortas na última semana em Salvador.

De Salvador,
Eliane Costa