Sem categoria

Governo incentiva mudanças da indústria contra aquecimento global

O governo estuda a concessão de incentivos aos setores de siderurgia, agropecuária, energia e transporte, para que reduzam a emissão de gases de efeito estufa. A informação foi divulgada ontem pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao fim da segunda reunião comandada pelo presidente Lula para definir os compromissos que o Brasil assumirá na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para dezembro em Copenhague.

Os compromissos serão decididos até o dia 14, mas não é certo que sejam inteiramente quantificados. “Nós vamos tomar medidas em várias outras áreas, além da redução do desmatamento da Amazônia. Em nenhum dos casos vamos ter condições de quantificar todas as características, se vai ter ou não financiamento, algum recurso de algum fundo.

O que dá para perceber é que uma parte exige poucos recursos externos, outras partes exigem mais. Então, não aguardem para o dia 14 um nível de detalhamento numérico, porque nós não temos esse objetivo. Serão linhas gerais. Até porque estamos fazendo de forma voluntária, porque achamos que é importante que o Brasil preserve suas características de país sustentável”, disse a ministra Dilma.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defende um corte de 40% na emissão de gases de efeito estufa, até 2020. Metade desse corte será provocado pela queda de 80% no desamamento da Amazônia até 2020 – o que significará a emissão de menos 580 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.

Para a agricultura, a ideia é aliar manejo, plantio direto e recuperação de áreas degradadas. Na avaliação do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, medidas nessa direção serão bem acolhidas pelos produtores porque acabam auxiliando na ampliação da produtividade.

Na siderurgia, o governo cogita incentivar as indústrias empresas a trocar o uso do carvão mineral por carvão vegetal de reflorestamento feito pelas próprias empresas. De acordo com a ministra Dilma, o que se pretende é convencer o setor das vantagens do chamado “aço verde”.

“Seria muito mais no sentido de criar incentivos financeiros, incentivos de todas as formas, inclusive essa percepção de que é competitivo lá fora. Um aço carimbado de verde tem outra característica”, afirmou Dilma. “Hoje, a indústria planta metade do carvão vegetal que usa, e a outra metade ela corta da mata nativa, o que é duplo prejuízo, porque emitimos e destruímos a diversidade. O que queremos é que a indústria plante todo o carvão que usa. O Brasil pode ter um aço verde”, disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

No governo, a reclamação é grande em relação aos compromissos sinalizados pelos países em desenvolvimento. Segundo o ministro Minc, o Brasil sozinho conseguiria reduzir muito mais a emissão de gases do que tudo que os Estados Unidos mostram intenção de reduzir.

Parte das ações brasileiras de mitigação vão depender de recursos internacionais. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o Banco Mundial estima que sejam necessários pelo menos US$ 400 bilhões por ano para que os países em desenvolvimento enfrentem as mudanças climáticas. A única proposta de ajuda dos países ricos apresentada até agora é a da União Européia e cita recursos da ordem de US$ 140 bilhões.

A informação é do Brasília Confidencial