Tânia critica delegado por não atuar em crime de racismo
A deputada estadual Tânia Soares, PCdoB, condenou hoje (4/11) a postura de um delegado da Polícia Civil de Sergipe que não cumpriu a lei no caso de discriminação racial ocorrido no Aeroporto de Aracaju contra Diego José Gonzaga dos Santos, funcionário de uma empresa aérea.
Publicado 05/11/2009 07:59 | Editado 04/03/2020 17:20
Ele foi agredido verbalmente pela médica Ana Flávia Pinto no dia 26, quando a moça chegou atrasada ao aeroporto e não pode embarcar. Por várias vezes, Flávia se referiu aos funcionários como “bando de analfabetos”, “morto de fome que não tem dinheiro nem para comprar feijão” e deu voz ao preconceito chamando rapaz de “nego”.
Para a deputada, “o episódio de discriminação foi vergonhoso. Pior ainda foi o agente da lei não ter tomado as providências necessárias. Faço um apelo ao secretário de Segurança Pública [João Eloy Menezes], que é um homem sensível, que apure esse caso”, solicitou a parlamentar. O caso da médica que xingou o funcionário ganhou repercussão nacional e o vídeo, mostrando as ofensas, está no site youtube.
Ela lamenta que “temos sempre episódios de discriminação, mas temos, também, um instrumento de defesa, não só para aqueles que são vítimas, mas de defesa de toda sociedade”. De acordo com Tânia Soares, não são somente os negros vítimas. Eles são os principais alvos, mas toda sociedade é vítima desse atraso. “E isso prejudica todos os tipos de relações nas sociedades. Foi por isso que o movimento negro e sociedade brasileira lutaram para termos uma lei. E na hora de aplicar, o agente não o faz”, criticou.
Tânia Soares observa que a lei foi criada para punir esse tipo de discriminação, “onde algumas pessoas têm a ignorância de achar que a pele branca é superior a pessoa de pele negra. Não podemos mais permitir. Isso cria problemas para o desenvolvimento do país, cria para sociedade que fica dividida e isso é um atraso. Faz com que criemos um apartheid que não mais admitimos”.
A parlamentar disse que apesar da luta, “continuamos sendo vítimas. Continuamos órfãos de uma lei, porque aqui em Sergipe ela não é cumprida. Faço apelo para que esse episódio seja esclarecido”, insistiu. Segundo ela, uma lei de sua autoria foi criada para discutir a questão racial e isso será debatido. “Discriminações existem, mas a sociedade precisa saber que a lei existe e as pessoas são punidas por isso. Mas em Sergipe não foi”, lamentou.
Ela lembrou um caso semelhante em São Paulo, quando um senhor negro tentou abrir o próprio carro e foi espancado por um segurança do shopping. “Isso não é possível, fiquei envergonhada e agora foi em Aracaju. Mais grave é que os agentes públicos não cumprem a lei. lei. Não adianta os legislativos construírem uma lei se, na hora da execução, o agente não a faz cumprir”.